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Do ouro de Panguana à ambição dos Jogos Olímpicos

Alcinda Panguana, medalha de ouro no Torneio Internacional de Boxe, Rady Gramane, Helena Bagão e Yassine Nordine, medalhas de bronze, já se encontram em Maputo desde a manhã desta segunda-feira. Os pugilistas colocam como meta a qualificação aos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

Chegaram empunhando as medalhas conquistadas em Marraquexe, Marrocos, e transbordando felicidade por mais uma conquista para o país. Assumem que não foi tarefa fácil atingir o pódio do Torneio Internacional de Boxe e, quiçá, trazer alegria ao povo moçambicano, numa altura em que se vive o drama das cheias no Sul do país.

“Sinto muito também pelos irmãos que estão a passar dificuldades devido às cheias. Sentimos muito porque acompanhamos ainda lá e vamos fazer o nosso possível para ajudar estas pessoas”, disse Alcinda Panguana, medalha de ouro em Marraquexe.

Já Rady Gramane diz ser uma satisfação enorme representar condignamente o país. “É uma felicidade enorme ter participado num torneio de grande visibilidade, porque trago uma medalha para Moçambique. Para nós, os africanos, não é fácil participar num torneio desportivo desta dimensão. Então, é gratificante. Ainda mais trazer uma medalha… São várias medalhas que trouxemos para Moçambique e isso é uma satisfação”, disse Gramane, medalha de bronze.

Satisfeito está também Yassine Nordine, que, à semelhança de Rady Gramane, conquistou a medalha de bronze. Yassine afirma: “sinto-me muito feliz, porque é um prazer representar o país num torneio intercontinental”. Até porque “uma vez que eu era campeão africano, tinha a responsabilidade de defender o meu título e consegui ficar no pódio”, defende-se.

Outra medalha de bronze foi conquistada por Helena Bagão, que diz não haver satisfação maior que representar e conquistar medalhas para o país. “Estou muito feliz por mais uma vez ter ido ao pódio”.

A maior satisfação de Bagão é ter sido mais uma conquista pessoal. “Não é a primeira vez; já estive em Dezembro com uma medalha de ouro na mesma competição”, argumenta e aponta os motivos: “Lá também ganhei uma experiência maior, porque lutei com as melhores e voltei a lutar com as melhores agora, e foi bom porque mais uma vez subi ao pódio”.

Bagão diz que a preparação foi muito positiva e o resultado é o que está à vista de todos.

FOCO AGORA É NA QUALIFICAÇÃO PARA OS JOGOS OLÍMPICOS

O internacional de Marraquexe fica para trás e agora há que olhar para frente. Vêm mais competições que vão servir de qualificação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. A meta é chegar a essa competição.

Alcinda Panguana sabe que não será fácil, por isso pede apoio para que o sonho se concretize. “Nós conseguimos trazer isto sem apoios e se tivéssemos mais apoios poderíamos chegar aos Jogos Olímpicos qualificando todos os atletas. Neste momento, precisamos de apoios para conseguirmos ir mais além, porque já mostramos que nós podemos”, justifica a medalha de ouro no Torneio Internacional de Boxe.

Quem também segue pelo mesmo diapasão é Rady Gramane, que pede a quem de direito “o apoio necessário para que possamos preparar-nos da melhor forma para irmos aos Jogos Olímpicos e fazermos frente aos vários países de renome”.

Gramane assume que “não temos muitas condições”, mas “nós podemos fazer diferente, e é o que costumamos fazer quando saímos e voltamos com medalhas”.

A medalha de bronze fala dos objectivos para o futuro, nomeadamente os Jogos Olímpicos e o Mundial. “O objectivo é tentar manter o meu lugar no pódio e tentar fazer com que a minha participação nos Jogos Olímpicos seja melhor no caso de me qualificar”, argumenta Gramane.

Até porque “o treino não vai parar porque temos o mundial em Março e vamos continuar a treinar fortemente para voltar a levantar a nossa bandeira na Índia. Espero que isso seja possível”, tal como augura Helena Bagão.

Aliás, Yassine Nordine diz que se sente mais próximo dos Jogos Olímpicos, uma vez que a preparação se iniciou há bastante tempo.

LUCAS SINOIA COM OS PÉS ASSENTES NO CHÃO

O mentor destas conquistas, Lucas Sinoia, diz ter acreditado no potencial dos pugilistas que levou a Marraquexe. “Estou feliz pelo feito e acreditei, eu como treinador, assim como a minha direcção e todo o público do país que gosta da modalidade também acreditou. E nós fizemos valer este apoio que recebemos por parte da nossa direcção, do Comité Olímpico e de todos os nossos parceiros”, começou por dizer o seleccionador nacional.

Ainda assim, Sinoia tem os pés bem assentes no chão, já que reconhece que ainda há muito trabalho pela frente. “Sempre trabalhei com o objetivo de dizer que é possível chegar lá e vencer, e de facto aconteceu, porque chegamos lá. Sei que há um caminho muito grande por percorrer porque, afinal, temos o Campeonato do Mundo e a seguir temos os Jogos Africanos, os Jogos da Qualificação e o Campeonato Africano, e esse é um caminho muito grande para podermos alcançar os Jogos Olímpicos”, reiterou Lucas Sinoia.

Para Lucas Sinoia, a qualificação para os Jogos Olímpicos começa agora a ser preparada “e o trabalho que estamos a fazer agora é de tentarmos qualificar-nos porque não está fácil”. O mentor argumenta ainda que “os outros países já estão atentos só por saber que Moçambique é um adversário forte e sério, por isso estamos já a preparar-nos para fazermos frente aos nossos adversários”.

Já a direcção da Federação Moçambicana de Boxe fala de apoios necessários que possam garantir mais participações em provas internacionais e, quem sabe, a qualificação para os Jogos de Paris.

“Depende de nós, depende do país. Deixou de ser uma causa da Federação do Boxe e é uma causa do país. O país tem que se mobilizar para ajudar estes meninos, que são verdadeiras estrelas”, disse Gabriel Júnior, presidente da Federação Moçambicana de Boxe, que acrescenta que “é preciso que as autoridades comecem a dizer que agora é hora de investir nesta juventude, colocá-los fora do país a competirem e a participarem em circuitos para que possamos qualificar-nos para os Jogos Olímpicos e, em que podem acontecer coisas maravilhosas”.

O Torneio Internacional de Boxe contou com a participação de cerca de 500 pugilistas e África conseguiu duas medalhas de ouro, sendo uma para o país organizador e outra para Moçambique.

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