A EMATUM contraiu uma dívida de 850 milhões de dólares para a compra de barcos, mas estes custaram bem menos que isso – 580 milhões de dólares.
A revelação foi feita, esta sexta-feira, por Cristina Matavele, então directora-geral da EMATUM, durante a sua audição como declarante do caso das “dívidas ocultas”, que não sabe que destino foi dado à outra parte do dinheiro.
Revelou, também, que das embarcações, que são no total 24, houve as que foram ao mar, mas algumas nunca chegaram a ser úteis.
“Porque, primeiro, se as embarcações eram para trazer a isca, deviam ter chegado primeiro antes das outras, para depois usar-se a isca para pesca e depois não houve um trabalho prévio para ver onde a isca se localiza, aqui no nosso oceano, para utilização daquelas embarcações”, explicou a antiga directora-geral da EMATUM.
E disse mais que “segundo as pessoas com essa experiência que estavam a trabalhar connosco, para pesca do atum, usam-se lulas ou o carapau que está na costa de Namíbia e foi por isso que se optou por comprar a lula para pesca.”
A declarante continuou com as revelações, tendo explicado que houve tentativas para que se alugassem algumas embarcações, como forma de dar algum rendimento, mas as pessoas que viam não alugavam.
“Até eu sair da EMATUM, não conseguimos arrendar, nem vender nem rentabilizar aquelas embarcações.”
Contou ainda que, quando em 2013 foi indicada do IGEPE para apoiar na instalação da EMATUM, as condições eram precárias e teve de fazer acompanhamento na remodelação, o que durou até 2014.
Na segunda metade daquele ano, chegavam as primeiras embarcações, mas além de serem inadequadas, de acordo com a avaliação do Instituto Nacional da Marinha (INAMAR), não existiam pessoas formadas para poder usá-las.
“A pesca do atum exige algumas técnicas que aqui, na praça, o nosso pessoal não tinha, por isso tivemos que contratar mão-de-obra estrangeira.”