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A Coreia do Sul ofereceu ontem mais de dois mil kits de testagem da COVID-19 em Moçambique. O acto foi testemunhado pelo ministro da Saúde, Armindo Tiago.

Cresce a onda de solidariedade e responsabilidade social de algumas empresas e instituições sem fins lucrativos no combate a pandemia do novo coronavírus em Moçambique.

Esta segunda-feira, a Embaixada da Coreia do Sul em Maputo, ofereceu um total de 2500 kits de testagem da COVID-19 ao Ministério da Saúde.

“O povo moçambicano deve ficar bem informado sobre COVID-19 e não se deixar enganar por mitos e observar as medidas de prevenção recomendadas pelo Governo, como usar máscaras e lavar as mãos”, YEO SUNGJUN, embaixador da Coreia do Sul.

O ministro da Saúde, Armindo Tiago, assegurou que o auxílio sul-coreano será usado de forma racional.

Refira-se, as doações de materiais de protecção contra a COVID-19 estenderam-se a várias instituições, com destaque a importadora de medicamentos, Enterprise Solutions, que ofereceu 20 mil máscaras e 10 mil litros de combustíveis.

 

 

Moçambique totalizou ontem oito dezenas de casos de COVID-19. E mais um recuperado só para garantir que continuem 61 os casos activos. O novo caso registado ontem refere-se à investigação sobre as contaminações de Afungi, Cabo Delgado

Mais um dia, mais um caso. “Dos novos casos testados no laboratório nacional de referência, 128 revelaram-se negativos para a infecção da COVID-19 e um revelou-se positivo. Temos, portanto, 80 casos de COVID-19 registados cumulativamente”, explica Rosa Marlene, directora Nacional de Saúde Pública.

Cabo Delgado continua a liderar os casos. Alberga 58 dos 80 infectados que o país tem registo. 17 Estão na Cidade de Maputo e cinco na província com o mesmo nome. Do total de infectados, casos importados são oito, e 72 são de transmissão local.

Mesmo com os casos crescentes, Moçambique tem ainda razões para se vangloriar. “Até ao momento não temos registo de nenhum óbito”

Em África e no mundo, enquanto sobe o número de novos casos e de óbitos, os recuperados vem mostrar que a humanidade é mais forte. Há mais de um milhão de recuperados dos pouco mais de três milhões e meio de casos registados.

“O Continente africano registou um cumulativo de 42.713 casos da COVID-19, dos quais 1.964 foram diagnosticados nas últimas 24 horas. Adicionalmente, ocorreram até ao momento 1.754 óbitos, sendo que 65 tiveram lugar nas últimas 24 horas”, detalha Marlene, para depois acrescentar que “o número total de pessoas recuperadas da COVID-19, em África, cifrou-se em 14.152 pessoas. Importa referir que, 769 pessoas recuperaram da COVID19, nas últimas 24horas no nosso continente”.

Apesar de o decreto sobre o Estado de Emergência determinar uso de máscara em locais de aglomeração de pessoas, as autoridades da saúde dizem ser importante que, qualquer saída de casa, implique o uso da máscara. E claro, que se reforce as outras medidas de prevenção para se vença a COVID-19.

SEMANA COM MAIS TESTES E MENOS CASOS

A última semana foi a que menos casos de COVID-19 registou comparando com as outras três semanas anteriores. Entretanto foi a semana de mais testes.

Ao começo da semana, arrancaram os testes em massa no acampamento de Afungi, Cabo Delgado. E um suspirar de alívio surge para as autoridades de saúde quando ao fim da mesma semana os resultados positivos se situam em nove.

“Até a semana passada registávamos um número crescente de casos, no entanto, na semana epidemiológica que findou ontem (sábado), registamos menos casos”, argumenta Ilesh Jani, director geral do Instituto Nacional de Saúde.

Foram realizados entre 26 de Abril e 2 de Maio 763 testes, que resultaram em nove casos positivos. Na semana anterior, por exemplo, foram feitos 623 testes, tendo resultado em 35 casos positivos de COVID-19.

“Em Moçambique pensamos que não temos transmissão comunitária. Temos casos esporádicos”.

Dos 80 casos registados em Moçambique, 50 é que são de nacionalidade moçambicana. 30 de outras 12 nacionalidades, nomeadamente África do Sul, Itália, Austrália, Índia, Inglaterra, Quénia, Turquia, Geórgia, França, Filipinas, Burundi e Estados Unidos de América.

Na região da SADC, Moçambique continua entre os países mais poupados pela COVID-19 e a África do Sul mais afectado. Está com 75 por cento dos casos da região da África Austral, sendo que de sábado para domingo houve 300 novos casos, um número que Moçambique não registou desde a eclosão da COVID-19.

O total de testados até este momento em Moçambique é de 2466 pessoas.

Contra todo tipo de perigo a que estão sujeitos, os comerciantes que desenvolvem a actividade no mercado central de Quelimane, pautam por incumprimento de uso de máscaras, para evitar a propagação do novo coronavírus.

No seio daquele grupo social, muitos preferem pegar nas máscaras e colocar no bolso, fazendo seu uso mediante a pressão das autoridades e não só.

Na manhã deste sábado, a nossa reportagem escalou aquele mercado, por sinal o principal da cidade que se dedica fundamentalmente a comercialização de produtos da primeira necessidade. A situação é deveras lamentável a avaliar pelo nível de ignorância, no que o cumprimento das medidas impostas no decreto de Estado de Emergência, prorrogado para mais 30 dias pelo Chefe do Estado, Filipe Nyusi diz respeito. 

A situação vem provar a preocupação do Presidente da República, sobre incumprimento das medidas de prevenção da COVID-19 no seio de muitos moçambicanos.

Carolina Toque, é uma vendedeira de tomate, a mesma encontrava-se desprotegida e com máscara no bolso do seu avental. 

“Eu tenho consciência da doença e sei que ela mata de verdade. O que acontece comigo é que, ao usar o meu pescoço e cabeça doem, razão pela qual tiro", disse para depois garantir que vai se esforçar no cumprimento do uso da sua máscara.

Uma outra vendeira explicou que é asmática e por isso, sempre que usa a máscara, sente-se asfixiada. Em fim, na interação com a nossa reportagem, cada uma das vendeiras abordada, apresentava sempre algum argumento para justificar a não obediência do uso daquele meio de protecção sobre tudo dentro do recinto do mercado central. 

Trata-se de uma situação que pode complicar a difícil tarefa de se parar com a propagação da COVID-19 no país.

Enquanto isso, as autoridades policiais na Zambézia, desdobram-se em acções de desinfeção dos meios. Este sábado viaturas e instalações do comando provincial foram desinfectadas, medida que visa responder o combate da pandemia tal como referiu António Paulo, director da ordem.

O Papa Francisco pediu, este sábado, aos governantes de todo o mundo, união diante das diferenças para ajudar os seus povos a superar a actual crise causada pela COVID-19.

“Oramos hoje pelos governantes que têm a responsabilidade de cuidar dos seus povos nestes tempos de crise”, disse Francisco na missa da manhã que realiza todos os dias na capela da sua residência, a Casa Santa Marta do Vaticano.

Na ocasião, Papa Francisco disse que orava pelos “chefes de Estado, presidentes de governo, legisladores, autarcas e presidentes de regiões, para que o Senhor os ajude e lhes dê força porque o seu trabalho não é fácil” e “para que, quando houver diferenças, entendam que, em momentos de crise, devem estar muito unidos pelo bem do povo, porque a unidade é superior ao conflito”.

O sumo pontífice também apontou a necessidade de os fiéis perseverarem a sua fé em tempos de crise, que “são momentos de escolha” que os colocam perante “as decisões que precisam de ser tomadas”.

“Pode haver muitas crises, na família, no trabalho, no mundo, e esta pandemia é uma época de crise social”, advertiu o papa Francisco.

O Coronavírus em Moçambique continua a ser combatida em vários pontos do país e nas últimas 24 não houve nenhum caso novo desta pandemia, das 91 amostras testadas.

O centro de testagem de referência do Ministério da Saúde testou 21 amostras de Cabo Delgado, 16 de Tete, seis de Manica, um de Sofala, 11 de Maputo Província e 36 de Maputo Cidade, tendo todas se revelado negativas, o que mantém os 79 casos positivos anunciados na sexta-feira, dos quais 71 de transmissão local e oito importados.

Não aumentam casos positivos, mas aumentam os recuperados, depois de mais oito anunciados este sábado. Seis dos recuperados são de Cabo Delgado e com ligação com a investigação com Afungi, sendo dois de Pemba e quatro de Afungi, mais outros dois de Maputo Província, totalizando 18 recuperados.

Assim, o país tem um comutativo de 59 casos activos, dos 79 positivos anunciados.

A mineradora brasileira Vale decidiu adiar planos para a manutenção das plantas de processamento de carvão em Moçambique, devido aos impactos da pandemia da COVID-19.

Em uma nota enviada à nossa redacção, a Vale Moçambique informa que reviu os seus planos de negócios em Moatize, província de Tete, ou seja, decidiu adiar a manutenção das plantas de processamento de carvão, devido à COVID-19.

“Devido às incertezas decorrentes da pandemia do novo coronavírus, a Vale retira o guidance (orientação ou perspectivas no mercado) para a produção de carvão em 2020 e não pode prover novo guidance no momento”, indica.

Entretanto, e apesar dos impactos do novo coronavírus, a produção de carvão situou-se nos dois milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2020, mais 4,6% que no trimestre anterior (4º trimestre de 2019).

Com base neste desempenho, a projecção anual fica em torno de oito milhões de toneladas, sem considerar os impactos da COVID-19, que a Vale diz “não poder prever ainda devido às incertezas” e o plano de produção continuar condicionado à atribuição de licenças na secção 2B.

Por outro lado, a mineradora realça que “não é possível manter este ritmo de produção em Abril, uma vez que a mina e o porto atingiram os limites das suas capacidades de armazenamento devido à menor demanda por carvão”.

Os resultados financeiros apontam para um prejuízo na ordem de 238 milhões de dólares negativos, influenciado principalmente pela diminuição do volume de vendas e aumento de custos operacionais.

“A empresa está a avaliar continuamente o impacto da pandemia nos seus negócios e divulgará imediatamente qualquer impacto material adicional nas suas operações, cadeia de suprimentos ou demanda de clientes”, refere a nota.

Acrescentando, que está comprometida em retomar e estabilizar a produção sob as mais elevadas condições de segurança, implementando acções para garantir a continuidade dos negócios e colaborando proactivamente com a sociedade durante a pandemia da Covid-19.

“A Vale, em primeiro lugar, expressa solidariedade às vítimas e famílias afectadas pela pandemia da COVID-19. Num momento tão difícil para todos, a Vale está comprometida em apoiar os seus stakeholders (grupo interessado) e em manter um ecossistema saudável para a sua cadeia de valor, unindo forças para prevenir ou reduzir a disseminação do novo coronavírus em todos os locais onde opera”, sublinha.

 

O Programa Mundial de Alimentação iniciou o envio de 350 voos de ajuda humanitária por mês a países pobres para combater a pandemia da COVID-19. Burkina Faso foi ontem o primeiro país a beneficiar-se da ajuda.

São vários países do mundo em estado de vulnerabilidade causado pela COVID-19. Para atenuar o impacto da pandemia, o Programa Mundial de Alimentação tem um plano de enviar 350 voos de ajuda por mês a países em vias de desenvolvimento.

Estima-se que 120 países poderão beneficiar-se dessa ajuda que incluem equipa médica e material de saúde. Os principais aeroportos a ser explorados são Acra, Adis Abeba, Joanesburgo, Dubai, Cidade de Panamá, Xangai e Dubai.

O maior desafio da ONU tem sido o transporte aéreo, numa altura em que vários países suspenderam voos, e os aviões de carga quase que quadruplicaram o preço.

Burkina Faso foi, esta quinta-feira, o primeiro país a receber o voo da ONU, que partiu da Bélgica carregado de 16 toneladas de material de saúde, incluindo máscaras, luvas e seringas.

Mais de 40 por cento das pequenas e médias empresas sul-africanas estão a ficar sem dinheiro para continuar a funcionar, devido a crise causada pelas restrições resultantes do bloqueio para prevenção da propagação do novo coronavírus, revela uma pesquisa do Serviço Oficial de Estatística da África do Sul.

A mercearia de José Tenente e sua família que funciona há mais de 30 anos em Randburg, município do noroeste da cidade sul-africana de Joanesburg é um dos exemplos. O negócio de venda e distribuição de alimentos ficou prejudicado, em parte, pelas restrições resultantes do bloqueio devido ao lockdown. Além da mercearia, Tenente fornece alimentos para restaurantes, um negócio que não tem estado a fluir porque os estabelecimentos de restauração estão fechados por decisão do governo.

“Seis caminhões agora sem entregas, grande perda de produtos que tínhamos em estoque, uma vez iniciado o bloqueio, está sendo desperdiçado”, revela José Tenente que afirma que nas últimas semanas tem sobrevivido graças a clientes fiéis que continuam a deslocar-se ao seu estabelecimento comercial para fazer compras.

“Temos muitos clientes que ainda estão a ajudar-nos, vindo para cá. Eles são clientes fiéis e dedicados, por isso somos muito gratos a eles ", afirma.

A pesquisa da Statistics South Africa, a agência oficial estatística da África do Sul, revelou que há concretamente 42% de empresas do país estão a ficar sem recursos financeiros para continuar. Mas há alguma esperança para o estabelecimento de Tenente e outros, já que o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa anunciou uma mudança do nível cinco para o nível quatro de restrições de bloqueio com efeitos a partir de hoje, 1º de maio.

Isso significa que mais as empresas poderão reabrir e uma quantidade limitada de funcionários poderá retornar aos seus postos. Ramaphosa anunciou 42 bilhões de dólares para ajudar as empresas mas até agora ter acesso aos fundos de ajuda não é fácil.

“Precisamos de departamentos como o de Pequenas Empresas para poder acelerar o tempo que leva para agências como a CIFA prestarem atenção às pequenas empresas e também responder as suas solicitações de alívio financeiro. Isso não acontece. Não faz sentido que uma empresa faça um pedido e receba uma resposta possivelmente um mês depois, quando tem desafios diários", desabafou Bonolo Ramogele, um membro do Conselho Empresarial Negro da África do Sul.
  

 

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