Mais de 40 por cento das pequenas e médias empresas sul-africanas estão a ficar sem dinheiro para continuar a funcionar, devido a crise causada pelas restrições resultantes do bloqueio para prevenção da propagação do novo coronavírus, revela uma pesquisa do Serviço Oficial de Estatística da África do Sul.
A mercearia de José Tenente e sua família que funciona há mais de 30 anos em Randburg, município do noroeste da cidade sul-africana de Joanesburg é um dos exemplos. O negócio de venda e distribuição de alimentos ficou prejudicado, em parte, pelas restrições resultantes do bloqueio devido ao lockdown. Além da mercearia, Tenente fornece alimentos para restaurantes, um negócio que não tem estado a fluir porque os estabelecimentos de restauração estão fechados por decisão do governo.
“Seis caminhões agora sem entregas, grande perda de produtos que tínhamos em estoque, uma vez iniciado o bloqueio, está sendo desperdiçado”, revela José Tenente que afirma que nas últimas semanas tem sobrevivido graças a clientes fiéis que continuam a deslocar-se ao seu estabelecimento comercial para fazer compras.
“Temos muitos clientes que ainda estão a ajudar-nos, vindo para cá. Eles são clientes fiéis e dedicados, por isso somos muito gratos a eles ", afirma.
A pesquisa da Statistics South Africa, a agência oficial estatística da África do Sul, revelou que há concretamente 42% de empresas do país estão a ficar sem recursos financeiros para continuar. Mas há alguma esperança para o estabelecimento de Tenente e outros, já que o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa anunciou uma mudança do nível cinco para o nível quatro de restrições de bloqueio com efeitos a partir de hoje, 1º de maio.
Isso significa que mais as empresas poderão reabrir e uma quantidade limitada de funcionários poderá retornar aos seus postos. Ramaphosa anunciou 42 bilhões de dólares para ajudar as empresas mas até agora ter acesso aos fundos de ajuda não é fácil.
“Precisamos de departamentos como o de Pequenas Empresas para poder acelerar o tempo que leva para agências como a CIFA prestarem atenção às pequenas empresas e também responder as suas solicitações de alívio financeiro. Isso não acontece. Não faz sentido que uma empresa faça um pedido e receba uma resposta possivelmente um mês depois, quando tem desafios diários", desabafou Bonolo Ramogele, um membro do Conselho Empresarial Negro da África do Sul.