O chefe do Gabinete da antiga ministra do Trabalho, Helena Taipo, negou hoje ter recebido 200 mil Meticais da Direcção do Trabalho Migratório. Na sessão de julgamento do caso que envolve Helena Taipo, foram ouvidos, hoje, dois arguidos.
Dos dois arguidos ouvidos esta segunda-feira, o destaque vai para Sidónio dos Anjos Manuel, à data dos factos, chefe do gabinete da então ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo. Pesa sobre si o crime de peculato e é apontado como quem recebeu 200 mil Meticais para benefício próprio, mas, em tribunal, negou tudo.
Esteve como chefe do gabinete da ministra do Trabalho durante cerca de um ano, entre 2012 e 2013, e foi nesta época que terá recebido um cheque de 200 mil Meticais da Direcção do Trabalho Migratório.
Quando ouvido durante a instrução do processo no Gabinete Central de Combate à Corrupção, Sidónio Manuel chegou a assumir ter recebido o cheque e ter passado a Helena Taipo. Diz que tomou esta posição só para se livrar do problema.
“Às vezes, costumamos dizer que não devemos agir com a cabeça quente. Estava com raiva, mas muita raiva, meritíssima. Estava com muita ira por conta disso tudo. As memórias que eu tinha da convivência com a então ministra só passavam pela cabeça, por que isto? Porque dizer que me entregaram um dinheiro que não recebi. Tudo o que aconteceu naquela altura me fez produzir este documento para sair do problema”.
O arguido explicou, em tribunal, que, na verdade, foi aconselhado durante a instrução que devia assumir ter recebido o cheque para encaminhar a Helena Taipo, mas, depois de seguir este conselho, teve peso de consciência.
Entretanto, da nota de entrega do cheque, consta a assinatura de quem recebeu o valor. Depois de ver os autos, disse que a assinatura era supostamente sua, mas, porque a juíza queria respostas exactas, o arguido acabou por negar que tivesse sido ele a assinar a nota de entrega.
Acusa a Direcção do Trabalho Migratório de ser a interessada em atribuí-lo a titularidade da assinatura, nomeadamente a directora Anastácia Zita, co-arguida, e José Monjane, chefe de repartição de Administração e Finanças.
Na sua vez de ser ouvido, o arguido Alfredo Lucas admitiu ter recebido mais de dois milhões de Meticais da Direcção do Trabalho Migratório e justifica que é pelo trabalho feito pela sua empresa Indumobil, que actua na carpintaria, estofaria e marcenaria.
Dos bens que terá fornecido à Direcção do Trabalho Migratório constam moageiras, cabos de enxada, redes para galinheiras, ração para pintos, botas e outros bens.
Diz que procurou estes bens nos estabelecimentos comerciais, mas, quando questionado sobre os recibos, disse não os ter, nem o contrato fechado com a Direcção do Trabalho Migratório.
“Eu trabalhava com um contabilista que era também guarda-livro e todos os documentos ficavam com ele. Ele morreu em 2017. Eu estava fora de Maputo. O seu escritório ficou encerrado por 30 dias. Depois disso, fomos convocados por um dos familiares para levantar as pastas. Fui perceber que havia perdido alguns documentos, incluindo o contrato”.
Amanhã, deverá ser ouvido o arguido Pedro Taimo, quadro do Ministério do Trabalho.