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Cartões de declarantes ficaram com Milda Cossa. Diz que eram ordens de Setina

Na terça-feira, Setina Titosse foi confrontada com os declarantes Dércio, Gerson e Binaia Manganhe, que acusaram a então PCA de ter ficado com os seus cartões de banco, cujas contas receberam dinheiro desviado.

Mas, ontem, Milda Cossa trouxe uma nova versão. É irmã mais velha dos três irmãos Manganhe e diz que os três cartões ficaram com ela, tendo recebido dois dos irmãos e um das mãos de Setina Titosse, a mesma que disse ao juiz, na terça-feira, nunca ter visto sequer a cor dos cartões em causa. “A dona Setina mandou que eu recolhesse os cartões e ficasse com eles. Levei do Dércio e do Gerson. Da minha irmã, Binaia Manganhe, recebi das mãos da dona Setina. Fiz movimentações estando com a senhora Setina. Ela tem consciência de ter usado estes cartões. Mas agora não sei onde estão os cartões. Não sei meritíssimo”, disse.

Diante da co-ré Milda Cossa, Setina Titosse reafirmou o seu posicionamento de nunca ter ficado com os cartões dos declarantes Dércio, Gerson e Binaia Manganhe. “Ela própria é que disse que ia recolher os cartões, porque os irmãos podiam usar o dinheiro. Não orientei nenhuma movimentação. Ela disse que estava a sofrer, estava sobrecarregada com os irmãos, e eu disse que no FDA temos projectos e eles podiam dedicar-se a uma actividade”.

Na sessão de ontem, houve também audição de duas pessoas. Uma delas é Sebastião Saguate, que trabalhava no negócio de Setina Titosse, transportando gado para o matadouro. Diz que esta era a sua única função no negócio e, das vezes que o fez, não foi na presença nem de Milda Cossa nem de Humberto Cossa, casal que trabalhava para Setina Titosse. Outra pessoa ouvida foi Silva Vicente, que pedia autorização aos chefes locais para a transferência do gado. Disse ter feito esse trabalho particularmente na altura da seca, onde foram transferidas algumas cabeças de gado de Matsequenha para Matutuíne, na província de Maputo. As duas pessoas que prestaram declarações perante o tribunal foram solicitadas pela defesa.

Refira-se que mais de 200 crimes pesam sobre os 24 acusados de desviar 170 milhões de meticais do Fundo de Desenvolvimento Agrário. A então PCA do FDA é acusada de 18 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 19 crimes de burla por defraudação, 19 crimes de abuso de cargo ou função na forma continuada, sete crimes de pagamento de remunerações indevidas, 15 crimes de branqueamento de capitais, um crime de associação para delinquir, na forma continuada, e um crime de peculato. Os mesmos crimes são divididos pelos demais 23 arguidos.

Setina Titosse e Milda Cossa chegaram a ser detidas no âmbito deste processo judicial, estando agora em liberdade provisória. Mas pelo facto de Milda Cossa ter faltado à sessão de terça-feira sem justificar, sendo obrigatória a sua presença, o Ministério Público solicitou a retirada do seu direito de liberdade provisória.

Mais uma vez… Julgamento do caso FDA interrompido até Novembro

O juiz da causa, Alexandre Samuel, voltou a marcar uma pausa no mega julgamento de 24 pessoas acusadas de desviar 170 milhões de meticais do Fundo de Desenvolvimento Agrário. A próxima sessão está marcada para 1 de Novembro, na qual participarão peritos, para decifrar relatórios financeiros solicitados ao Ministério da Economia e Finanças e Tribunal Administrativo, sobre as contas da instituição que era dirigida por Setina Titosse. Depois desta fase, segue a de últimas alegações, antes de se conhecer a sentença do caso.

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