Chama-se bairro Acordos de Lusaka, sito na província de Maputo. Existe há quase 40 anos. Durante esse período, muita coisa mudou, porém o bairro continua a enfrentar problemas de saneamento e erosão. O bairro foi assim designado a cinco de Dezembro de 1981, em memória ao dia da assinatura dos acordos de Lusaka.
A 07 de Setembro de 1974, o Governo Português e a Frente de Libertação de Moçambique assinavam aquela que seria uma das maiores conquistas do povo moçambicano, os Acordos de Lusaka.
Sete anos depois, o nome dos acordos foi atribuído a um bairro, que por muitos é conhecido por Infulene. Localizado no município da Matola, o bairro é antigo e cheio de memórias.
Fernandos Samuel vive naquele bairro desde o seu surgimento e conta que muita coisa mudou, mas há uma da qual sente mais falta, as celebrações no monumento do bairro.
“Na altura, neste monumento fazíamos vários eventos com dança Xigumbaze, Makwayela e entre outros estilos, para celebrar. Mas nos últimos dias isso já não acontece. Os Jovens não sabem fazer o que fazíamos na altura”.
Porém, não só a diversão o tempo levou. De 1981 para esta parte, muita coisa foi mudando no bairro, tanto na organização bem como em termos de infra-estruturas.
As casas, por exemplo, hoje são de alvenaria, mas há tempos não era assim, como contam os moradores.
“Quando nós chegamos aqui não havia quase nada. Não havia nem ruas. O bairro era composto por árvores e casas de madeira e zinco, outras a base de caniço”, disse o avô Jonas, como carinhosamente é tratado.
Francisco Kumbula revela que antigamente as casas estavam mal organizadas, mas isso já está ultrapassado, pois já foram parceladas.
“Aqui nós já temos energia de qualidade, água e muitos outros recursos que antes nos eram escassos”, disse.
Mas, engana-se quem pensa que esta é uma realidade de todo o bairro. Apesar dos anos de existência, há problemas que resistem ao tempo e tiram o sono a quem lá vive há mais de 20 anos.
Vánia Ilário reclama da falta de saneamento e dos eventos constantes de erosão, sempre que a chuva se faz sentir.
“Estamos mal aqui no bairro. Estas valas improvisadas só servem para acumular água suja, mosquitos, doenças. Quando chove, aqui onde estamos, costuma estar intransitável”, desabafou a senhora, que pediu intervenção das autoridades, pois trata-se de um problema sobejamente conhecido.
Em fim, apesar dos problemas que assolam o bairro, sempre que chega o 7 de Setembro os moradores daquele bairro esquecem as lamúrias e celebram, apesar das restrições impostas pela COVID-19.