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Carteiras móveis dominam mercado financeiro e Governo quer maioria na banca até 2031

Os agentes não bancários lideram o mercado, apresentando uma cobertura superior a dos canais bancários. No fim de 2023, havia 5,6 agentes bancários, 4,1 agências bancárias, 8,2 ATM por 100 mil adultos e 1246 agentes não bancários por 100 mil adultos. A informação é da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira, lançada nesta semana pelo Governo, que lança a expectativa de que 60% da população adulta tenha conta bancária numa instituição formal até 2031

A abertura do mercado aos serviços de carteira móvel contribuiu parcialmente para a expansão dos serviços financeiros no país, resultando em quase o dobro do número de agentes bancários nos últimos cinco anos. 

Hoje, os agentes não bancários desempenham um papel crucial na prestação de serviços financeiros às populações não cobertas pelo sistema bancário tradicional, de tal forma que o registo mais recente é de 1246 agentes não bancários por 100 mil adultos em áreas urbanas, contra apenas 557 agentes por 100 mil adultos em áreas rurais.

A estratégia de inclusão aponta que a situação é semelhante para os canais de distribuição bancária, que também exibem uma concentração significativa nas zonas urbanas. A densidade de agentes bancários por 100 mil adultos era de 9,5 por 100 mil adultos nas zonas urbanas, enquanto nas áreas rurais era apenas de 3,2 por 100 mil adultos. Essa discrepância é notável ao considerar o número de agências bancárias, com 7 por 100 mil adultos nas áreas urbanas, em comparação com apenas 2,3 por 100 mil adultos nas áreas rurais. 

O acesso a ATM segue um padrão semelhante, com 15,5 por 100 mil adultos nas zonas urbanas, contrastando com uns meros 4,2 por 100 mil adultos nas zonas rurais, descreve o documento.

“A cobertura das agências bancárias aumentou de 55% para 83% dos distritos, e os agentes bancários expandiram o seu alcance para cobrir 61% dos distritos. Os agentes não bancários alcançaram uma cobertura impressionante, atingindo 100% dos distritos até finais de 2022, promovendo a inclusão financeira em Moçambique”, avança o documento.

Ademais, o acesso à conta bancária continua a ser tendencialmente masculino e a infra-estrutura digital necessária para aceder a sistemas financeiros digitais continua a ser baixa. “Enquanto 77% dos agregados familiares em Moçambique tinham acesso a um telemóvel ou a uma televisão em 2022, apenas 3,3% tinham acesso à internet. Existe uma lacuna rural-urbana no acesso, com 4,5% dos agregados familiares urbanos a terem acesso à internet, em comparação com 2,5% dos agregados familiares rurais. Por sua vez, 52% dos adultos urbanos possuem smartphones, em comparação com 38% dos adultos nas zonas rurais”, explica o documento.

As projecções do Governo são de  60% da população adulta com conta bancária numa instituição formal até 2031. O projecto faz parte da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF) 2025–2031.

Aliás, a ministra das Finanças, Carla Louveira, que falava durante o lançamento em Maputo, disse que a estratégia assente em quatro pilares fundamentais visa assegurar o acesso e uso dos produtos e serviços financeiros de qualidade através do conhecimento, confiança e segurança, providos de forma responsável, que contribuam para o crescimento económico e sustentável, inclusivo e o bem-estar da população moçambicana.

Carla Louveira explicou ainda que os quatro pilares assentes na nova estratégia financeira evidenciam claramente uma evolução substancial do conceito de inclusão financeira que transcende a mera bancarização, passando a englobar a digitalização dos serviços financeiros, bem como o financiamento verde, com vista a promover maior acessibilidade, maior eficiência e inclusão sustentável  para a população sem acesso ao sistema financeiro formal.

A governante reconheceu os feitos alcançados pela Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (2016–2022), mas sublinha que persistem ainda alguns desafios,  “primeiro a consolidação da estabilidade macroeconómica assente na sustentabilidade fiscal, inflação baixa e na sustentabilidade cambial, segundo, a mitigação do risco associado ao financiamento das micro, pequenas e médias empresas, as quais representam 98% do total das empresas activas no nosso país, e foi nesse contexto que o Governo criou o Fundo de Garantia Mutuária, que visa mitigar o risco de crédito assumido pelas instituições financeiras no financiamento às micro e pequenas médias empresas através da contracção e contraprestação   de garantias”, salientou.

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