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Banco de Moçambique diz que se mantém a pressão sobre o endividamento interno

Em face da limitada disponibilidade de recursos financeiros por parte do Estado, num cenário de reduzidos desembolsos de recursos externos, o Banco de Moçambique avança, no seu último Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, que se mantém a pressão sobre os instrumentos de dívida interna. Assim, entre as duas últimas sessões do Comité Política Monetária (CPMO), o endividamento interno aumentou para 274,8 mil milhões de Meticais.

Em termos acumulados, a dívida pública interna do Estado incrementou em cerca de 56 mil milhões de Meticais, a reflectir, essencialmente, o aumento do financiamento por via de obrigações do Tesouro (OT) e emissão de bilhetes do Tesouro (BT), até o terceiro trimestre de 2022.

Mesmo assim, o Banco de Moçambique avança que, no curto prazo, se mantêm as perspectivas de recuperação da actividade económica. Espera-se que a execução de projectos energéticos estruturantes no país e o apoio directo ao orçamento no âmbito do programa com o FMI concorram para o crescimento do PIB. Refira-se que, em Novembro de 2022, o país iniciou a exportação de gás natural liquefeito a partir da bacia do Rovuma.

Adicionalmente, as previsões apontam para um ligeiro abrandamento da actividade económica doméstica, justificado essencialmente pela queda da procura global devido ao enfraquecimento da economia mundial em face das condições financeiras restritivas, incluindo acrescidas dificuldades no acesso aos mercados financeiros internacionais. Estas perspectivas de abrandamento são atenuadas pela dinâmica dos projectos energéticos em curso no país e pelo impulso da implementação do programa com o FMI.

Do lado externo, perspectiva-se que, a curto prazo, as exportações continuem a crescer, favorecidas pela maior procura por produtos energéticos e pelos preços das commodities no mercado internacional que, apesar de tenderem a estabilizar, continuam elevados.

AS RESERVAS INTERNACIONAIS DO PAÍS CONTINUAM EM NÍVEIS CONFORTÁVEIS

Segundo o Banco Central, a posição externa do país, medida pelas reservas internacionais brutas (RIB), mantém-se satisfatória, tendo registado um saldo acumulado de cerca de 2,8 milhões de dólares em meados de Novembro de 2022, o suficiente para garantir a cobertura de mais de 3,5 meses de importações de bens e serviços, excluindo as importações dos grandes projectos.

INFLAÇÃO VAI MELHORAR A MÉDIO PRAZO

Para o médio prazo, o Banco de Moçambique consolida a perspectiva de retorno da inflação para um dígito, decorrente dos efeitos dos aumentos da taxa MIMO e da estabilidade do Metical, não obstante a prevalência de elevados riscos e incertezas.

“Perspectiva-se, igualmente, um ligeiro abrandamento da expansão da actividade económica doméstica, em face da potencial redução da procura externa e das condições financeiras restritivas, incluindo acrescidas dificuldades no acesso aos mercados financeiros internacionais. Entretanto, a nível interno, a implementação dos projectos energéticos continuará a favorecer o crescimento económico”, lê-se no Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação.

Os fundamentos do Banco de Moçambique estão nas suas projecções de redução de preços do petróleo e de alimentos no mercado internacional, ainda assim a permanecerem em níveis relativamente elevados. “Este abrandamento dos preços reflecte, principalmente, os sinais de menor dinâmica da actividade económica mundial, bem como a prevalência do acordo entre a Rússia e a Ucrânia, que viabiliza, sobretudo, as exportações da Ucrânia e consequente abastecimento do mercado internacional”, avança o documento.

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