O País – A verdade como notícia

Bolseiros da UniLicungo sem subsídios há 11 meses

Foto: O País

Dos 600 estudantes da Universidade Licungo sem subsídios, 300 estão na cidade de Quelimane e outros 300 na extensão da Beira. Dos meses em dívida, cinco são referentes a 2022 e seis ao ano em curso. Os bolseiros dizem que estão a passar por momentos difíceis e sem condições para os seus estudos, por serem provenientes de vários cantos do país e de famílias carenciadas.

Em Quelimane, todos os 600 estudantes vivem na base de renda, por isso estão a enfrentar problemas com os proprietários das casas. Pedem resolução a quem de direito, pois estão sem capacidade financeira, o que pode comprometer o aproveitamento pedagógico.

Quinita Lorindo, estudante bolseira, visivelmente emocionada quando falava à nossa reportagem, explicou que “esta é uma situação que está a apoquentar-nos muito. Precisamos de pagar pela casa, materiais de escola, alimentação, transporte e outras necessidades e não sabemos como fazer”.

Henriques Duarte, outro estudante, fez saber que, mensalmente, cada bolseiro chega a receber cerca de quatro mil Meticais mensalmente, valor que, segundo disse, à partida, é exíguo, mas tem apoiado em pequenas despesas para os estudantes.

“Nós não fazemos mais nada a não ser estudar. Estamos submissos a ameaças, entre outras situações. Veja que a universidade não tem lar para acolher os estudantes em causa, e não está a pagar os subsídios”, denunciou o estudante.

João Pedro, outro estudante, explicou que a UniLicungo, num passado recente, se reuniu com os estudantes para discutir este assunto. “Na altura, a universidade disse que o Governo central, por via do Ministério da Economia e Finanças, desembolsou mais de cinco milhões de Meticais. O pagamento aos estudantes até iniciou, mas só pagaram apenas um mês a 47 dos 600 bolseiros, no total”, disse João Pedro.

Aliás, sobre este assunto, a nossa reportagem soube, por via de um quadro da UniLicungo, que, no sistema, os números do montante são visíveis, mas nunca estão disponíveis para os devidos efeitos.

Com dísticos a solicitar o pagamento dos subsídios de 11 meses, pedindo socorro a quem de direito, o grupo de estudantes esteve  no Campus de Murropué, em Quelimane, na manhã desta segunda-feira, para reivindicar o pagamento. A reitoria da UniLicungo disse que o problema advém da falta de financiamento na rubrica de bolsas, canalizado pelo Ministério da Economia e Finanças.

Luck Injage, porta-voz da UniLicungo, fez saber que a situação de não pagamento aos estudantes bolseiros constitui preocupação para a universidade, por isso “continuamos a aguardar e em coordenação com a instituição de tutela, que é o Ministério da Economia e Finanças, estamos ainda a aguardar no sentido de ver regularizada essa situação, que é um problema do sistema que faz gestão do pagamento ao nível da Função Pública”.

O porta-voz adiantou que a bolsa de estudo para os estudantes da graduação é uma rubrica que normalmente é atribuída às instituições públicas de ensino, como forma de responder a componente de responsabilidade social que as instituições de ensino superior têm com as comunidades, particularmente filhos de moçambicanos que vivem na condição de carência para custear estudos no ensino superior.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos