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Bancos comerciais sem dinheiro para financiar créditos de consumo

Foto: Jornal Domingo

Há falta de dinheiro nos bancos comerciais para financiar créditos de consumo e projectos, devido à elevada taxa das reservas obrigatórias feitas ao Banco de Moçambique. Quem o diz é Alfredo Mondlane, responsável da área de Economia e Pesquisa de Mercado no FNB, que defende a redução da actual taxa de 39 por cento.

Em Janeiro deste ano, o Banco de Moçambique decidiu reduzir a taxa de juro de referência de 17,25% para 16,50%, anunciando, desta forma, que este era o início da normalização das taxas e que, em três anos, poderá estar de volta à casa dos 10%.

Apesar da redução, os bancos comerciais continuam com dificuldade para conceder empréstimos.

“É importante que não só a redução da taxa de juros aconteça. Para estimular o acesso a crédito, precisamos de que o coeficiente de reservas obrigatórias também reduza, porque os bancos precisam do seu produto para dar a economia real, e o produto dos bancos é o dinheiro. Neste momento, o coeficiente de 39% exige outros desafios à banca comercial, e isso dificulta ligeiramente o acesso ao crédito”, explicou Alfredo Mondlane, responsável da área de Economia e Pesquisa de Mercado no FNB.

A referida falta de financiamento impossibilita várias empresas de implementar projectos que podem virar o quadro da situação económica do país, que há bastante tempo precisa de reanimação. “A situação não permite que haja liquidez para dinamizar a economia e as famílias, sendo os últimos consumidores, ressentem-se disso”, disse.

Numa altura em que os megaprojectos de petróleo e gás são a maior aposta do país para alavancar a economia, o economista apela para a resolução da instabilidade militar, para atrair mais investidores. “Se olharmos as razões que estiveram por trás da retracção do início dos projectos, pelo menos daquilo que foi público, é a situação militar, havendo uma intensificação dos ataques militares, obviamente, isso pode impactar no início da exploração desses projectos, e nós precisamos de que esses projectos se iniciem para dar maior confiança aos investidores, a fim de catapultar a economia nacional”, acrescentou.

Falando num debate organizado pelo FNB, subordinado ao tema “O papel das organizações não governamentais na economia moçambicana”, Mondlane enalteceu o valor deste sector, tendo em vista os projectos sociais que tem desenvolvido ao longo do país, assim como o encaixe de moedas estrangeiras, que dinamiza o câmbio.

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