O País – A verdade como notícia

Author: Patrício Manjate

N’txuva

Madala estava irrequieto. De cócoras. Não tirava os olhos do chão, onde buracos disciplinados alinhavam-se e formavam o tabuleiro do n'txuva. Madala levantou-se para esticar

MARRRIA

– Marrria. Me chamo-me Marrria. Pronunciou assim mesmo. Com a língua tremelicar no céu da boca, pondo os muitos erres da descontração tsonga no sotaque.

Mussiro

O vento empurrou a cortina. Maimuna estava sentada, sozinha, a fazer aquilo que as mulheres fazem quando estão sozinhas: cuidar da beleza. Segurou no caule

Duelo ao Luar

Desci o degrau do asfalto para a areia, na fronteira entre o cimento e a madeira e zinco. Dali para adiante a luz era fraca.

A desfigura do ano

No telemóvel ainda choviam cordialidades pela passagem do ano. A cabeça pesava-me como se estivesse cheia de babalaza de todos os destilados. Por isso não

Bofesta

O sono esmoreceu, mas não despertei de imediato. Acordar parecia um caminho longo. Deixei-me estar a meio da viagem, sem compromisso, nem com o sono

Semana das exonerações

Foi na semana das exonerações. Antes do comunicado das novas nomeações. Havia um brilho diferente no sorriso das pessoas. Tudo parecia merecer polimento especial e

Detido

Agarrou a cabeça. A culpa pesava. A primeira reclusão de um culpado é a consciência. Por isso levou a mão à  cabeça que é onde

No muro

Dezembro. Dia um. A noite caíu. Com a escuridão húmida veio o burburinho inconfundível das noites sem vento nos bairros de lata: o silêncio do

O aperto

Senti que não cabia nas calças. Sinal óbvio de ter minguando. Ou será que as calças alargaram?, perguntei-me, procurando disfarçar a frustração de sequer preencher

+ LIDAS

Siga nos