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António do Rosário diz que nunca recebeu valores da Privinvest

No âmbito do Sistema Integrado de Monitoria e de Proteção (SIMP), o réu António Carlos do Rosário negou perante o Tribunal ter recebido directa ou indirectamente valores monetários pagos pelo grupo Privinvest no valor de mais de 340 milhões de dólares.

“Nunca recebi uma quinhenta sequer, directa ou indirectamente, da Privinvest, para benefício próprio e muito menos para benefício de terceiros”, contestou o réu António do Rosário.

Do Rosário disse ao Tribunal que a Privinvest nunca manifestou vontade, através dos seus representantes, de pagar valores monetários resultantes da sua actividade no projecto de Sistema Integrado de Monitoria e de Proteção e no trabalho desenvolvido nas empresas EMATUM e PROÍNDICUS.

Questionado se era titular de contas bancárias nos Emirados Árabes, o antigo director de Inteligência Económica do Serviço de Informação do Estado (SISE) disse que não tem nenhuma conta bancária fora do país.

“Não tenho nem uma conta bancária nos Emirados Árabes. Não tenho nenhuma conta bancária fora da República de Moçambique. Nem na África do Sul tenho que é aqui perto, por razões de segurança”, respondeu o réu.

De seguida, o réu foi confrontado com descrições de viaturas supostamente adquiridas por si. Durante a enumeração, António Carlos do Rosário confirmou ser proprietário de algumas viaturas descritas e outras ou não. Aos mais luxuosos, Do Rosário disse que gostaria de ter, mas não tem.

O Ministério Público perguntou ao réu se era titular de um imóvel localizado na vizinha África do Sul, avaliado em dezanove milhões e novecentos e cinquenta mil rands e uma quinta também localizada no mesmo país, na província de Mpumalanga. Às questões o réu respondeu negativamente e disse que era primeira vez a ouvir falar sobre o assunto.

Ainda sobre os imóveis, o Ministério Público disse que consta dos autos que a empresa Privinvest transferiu valores pagos em duas prestações, em 2013, para uma conta bancária de Carolina Reis, filha de Carlos Reis. O valor resulta da venda de um imóvel localizado no bairro Patrice Lumumba, província da Zambézia. António do Rosário confirmou a aquisição do imóvel.

“Confirmo e comprei directamente do falecido Carlos Reis e não foi através do dinheiro da Privinvest. Não conheço, nunca a vi, nem sei quem é Carolina Reis. A primeira vez em que me falaram disso foi na instrução preparatória”, afirmou o réu que disse não se lembrar quando e por quanto comprou o imóvel e não tem documentos para provar.

“Já não me recordo. Comprei antes de estar na PROÍNDICUS. Não me recordo como paguei o imóvel. Mas, tenho certeza de que não paguei através do dinheiro da Privinvest”.

De acordo com os documentos anexos nos autos, apresentados pelo Ministério Público, na compra e venda do imóvel acima citado, o réu fez-se representar por João Carlos Abreu, mas ele não confirmou.

“Não confirmo, ele nunca tratou desse assunto. Para mim, o conceito de negociar é falar com a pessoa. Eu tenho advogado e neste assunto também trabalhei com um advogado. De todos os assuntos que têm a ver com o reconhecimento de imóveis trato com os meus advogados. João Carlos Reis foi o meu cunhado.”

António do Rosário confirmou que o Conselho Municipal de Tete lhe atribuiu uma parcela de terra, no bairro Chingodzi.

Do Rosário foi confrontado com imagens de um imóvel construído em Tete. Segundo o Ministério Público, trata-se de um imóvel destinado a servir hoteleiros, localizado numa área residencial, arredores da cidade de Tete. Comporta 39 quartos todos apetrechados. Questionado sobre o que pretendia edificar no terreno quando solicitou as licenças, o réu disse que manifestou interesse em fazer alguns investimentos, mas nega ter solicitado as licenças.

“Não me recordo quem fez, não fui pessoalmente. Tenho certeza de que não tem a minha assinatura. Eu não sei se é isto, porque havia outro projecto… fazer uma vivenda.”

“É mais um festival de martelaços”, acrescentou o réu, referindo-se aos documentos que lhe foram apresentados.

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