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ExportaMoz quer elevar em 30% as exportações da província de Gaza até 2026

A ExportaMoz projecta aumentar em cerca de 30% a capacidade de exportação da província de Gaza, a médio e longo prazo, com ambição de, posteriormente, escalar este desempenho para o nível nacional. A meta está enquadrada na parceria que a instituição mantém com o Governo provincial, que será formalizada com a assinatura de um memorando de entendimento durante um workshop agendado para amanhã, em Xai-Xai.

O evento junta o Conselho Executivo Provincial, o sector privado e as principais empresas ligadas à cadeia de valor da exportação, num fórum que deverá acolher entre 150 e 200 participantes. Na ocasião, serão apresentados o potencial produtivo e exportável da província de Gaza, com destaque para os distritos de Manjacaze e Chókwè.

Segundo Miguel Joia, CEO da ExportaMoz, o memorando com o Governo de Gaza vem apenas oficializar um trabalho já em curso: o levantamento de base (baseline) do potencial produtivo e exportável dos 14 distritos da província, conduzido em coordenação com a Direcção Provincial da Indústria e Comércio. O entendimento define responsabilidades das partes e benefícios desta “parceria inteligente” entre o sector privado e o executivo provincial, com o objetivo de “apresentar os distritos da província de Gaza ao mundo e ao comércio internacional” e gerar impacto no tecido económico local.

No agronegócio, Gaza é vista pela ExportaMoz como um território com “potencial produtivo fora de série”, com enfoque em culturas como castanha de caju, cereais, legumes, hortícolas e arroz. A instituição está a trabalhar com operadores específicos para aumentar a produção e exportação de arroz e piripiri seco para a África do Sul, bem como para triplicar, de 5 para 15 milhões de dólares, o volume de exportações de castanha a partir da província.

Joia explica que o principal desafio dos produtores continua a ser a ligação aos mercados, marcada por falta de informação sobre destinos, continuidade de fornecimento e previsibilidade de negócio. Para responder a este problema, a ExportaMoz combina o estudo da oferta local com a análise da procura internacional, apostando em negócios de “nearshoring” – exportação por via rodoviária para mercados regionais – e tirando partido da Zona de Comércio Livre Continental Africana.

No processo de seleção de empresas, a ExportaMoz trabalha com uma base de dados que classifica os operadores em puramente produtivos, cooperativas de fomento, empresas com potencial exportável e grandes exportadores. A prioridade recai sobre estas últimas, por terem maior capacidade de alavancar cadeias de valor, criar emprego e aumentar a arrecadação fiscal para o Estado.

A província de Gaza torna-se agora a quinta a formalizar um memorando de entendimento com a ExportaMoz, depois de Maputo, Nampula, Niassa e Cabo Delgado. A organização já trabalha, no entanto, com todas as direções provinciais da Indústria e Comércio do país e projecta, até 2026, ter acordos formais em todas as províncias e, eventualmente, com a cidade de Maputo.

No capítulo da digitalização, a ExportaMoz lançou recentemente o portal “Exporta” (Mozesporta), uma plataforma que funciona como marketplace entre a oferta local e a demanda internacional. Através deste portal, é carregada informação sobre o potencial produtivo dos distritos, promovendo transparência de preços, capacidade de oferta e criação de benchmarks entre empresas exportadoras.

Para responder às dificuldades de financiamento enfrentadas por produtores e empresas emergentes, a ExportaMoz estruturou ainda uma linha de financiamento que junta grandes importadores nacionais com liquidez em meticais, bancos comerciais e o mercado internacional, visando desintermediar o acesso a crédito para empresas exportadoras. A organização opera, igualmente, uma incubadora que oferece soluções em logística, qualidade e ligação a mercados, incluindo apoio na estruturação de contratos de compra (off-taker), por exemplo, para o fomento do gergelim em vários distritos.

O workshop desta terça-feira contará também com a apresentação do plano da Zona Económica Especial de Agronegócio do Limpopo, assente no antigo Regadio do Baixo Limpopo, que deverá beneficiar seis distritos ligados a esta infraestrutura e criar novas oportunidades de produção e negócios.

Miguel Joia deixou uma palavra de agradecimento à Governadora de Gaza e ao Executivo provincial, sublinhando que a assinatura do memorando “não é o ponto de partida, mas a formalização de um trabalho já em marcha”, que pretende transformar o potencial produtivo da província em resultados concretos de exportação, emprego e receitas para Moçambique.

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