A Fly Modern Ark, companhia contratada pelo Governo para restaurar a LAM, diz que a empresa saiu de risco de insolvência e recuperou 47,3 milhões dos seus devedores, de um total de 60 milhões de dólares devidos por entidades públicas, em maior percentagem, e entidades privadas.
A 18 de Abril passado, a Fly Modern Ark começou o seu trabalho de recuperação da empresa Linhas Áreas de Moçambique (LAM), tida como tecnicamente falida e à beira do colapso, sem aceitação no mercado internacional. Um mês depois e sem muitos detalhes, a Fly Modern Ark fez saber, hoje, que conseguiu reanimar e estabilizar a LAM
“A posição de envidamento reduziu e, por conseguinte, a LAM deixa de ser considerada tecnicamente insolvente. A Fly Modern Ark suspendeu todas as condições de crédito na venda de bilhetes, por isso aumentou a receita de vendas em 15%. Em relação ao valor dos 47,3 milhões de dólares, não houve injecção por parte do Governo, porém não vamos dizer muita coisa aqui. Como dizia em alguns aspectos e números que fazem parte do nosso contrato, não tenho como anunciar neste momento. Mas o que é mais simples falar é que alguns foram mesmo por cobrança a alguns clientes que, em tempos, ficaram muito sem pagar e tivemos que fazer uma intervenção um pouco agressiva e conseguimos ter boa recuperação do valor para a companhia”, avançou Sérgio Matos, gestor de Projecto de Restruturação da Fly Modern Ark.
No entanto, a LAM continua com dívida de cerca de 300 milhões de dólares: “Em relação ao lucro, provavelmente a LAM pode não ter lucros a curto prazo, porque está com dívidas acima de 300 milhões de dólares e, daquilo que é o plano que estamos ainda a elaborar, estamos a ter uma indicação de termos, um acréscimo de cinco milhões de dólares para a componente de passageiros e um acréscimo de 500 a 600 mil dólares para a componente de carga”.
E neste primeiro mês de trabalho, de um total de 12 meses do contrato, foram identificados dez riscos, um dos quais é que a LAM corria o risco de perder licença como operadora.
“Dez foram os riscos identificados pela Fly Modern Ark, dos quais o risco de liquidez, a falta de competências e de recursos humanos adequados em certas áreas (Aqui vale realçar que a LAM tem muitos quadros bons e capazes de poderem alavancar a companhia); o risco de reputação da LAM; as infra-estruturas tenológicas (sabemos todos que estamos hoje no mundo da tecnologia, então vale a pena estarmos alinhados com a nova dinâmica mundial); a questão da frota que está subaproveitada, obsoleta e envelhecida (temos algumas aeronaves que tecnicamente já não estão em condições de poder servir por muito, não estou a dizer que estão em perigo, ainda não chegou essa fase, é só estarmos preparados para fazer a mudança); a licença da operadora com alguns aspectos básicos que a própria Autoridade Reguladora de Aviação Civil nos apresentou como cenário que poderia constituir o risco para a LAM perder a licença como operadora; a questão da rentabilidade; as políticas da empresa”, enumerou.
Uma das medidas introduzidas pelo novo gestor é a redução de tarifas nos bilhetes da companhia aérea moçambicana.
“Em relação às tarifas, provavelmente já está a circular que houve redução em 30%, vamos fazer por fases, e essa redução é para sempre e, se tudo estiver a correr de como deve ser, provavelmente, num outro momento, pode-se reduzir ainda mais. Podem querer saber o que terá acontecido para a redução dos 30%: fomos buscar a tarifa-base e a subtarifa da companhia e aí fizemos a redução dos 30%.”
A Fly Modern Ark vai introduzir dois aviões nos próximos dias, de um total de 15 que estão previstas e vai injectar dinheiro na LAM.
“Vamos trazer a frota; vamos trazer mais aeronaves e, se tudo correr bem, penso que, em duas ou três semanas, teremos mais duas aeronaves aqui, em Maputo, e as outras vamos fazer faseadamente.”
E mais, serão reactivadas rotas como Beira–Nampula e vice-versa e outras para o exterior.
“Em relação ao plano de rotas, neste momento, estamos a preparar o plano e uma das coisas que consta do nosso plano é a reabertura dos hubs da Beira e dos hubs de Nampula para os voos partirem não só daqui de Maputo para o resto das províncias, como também poderem partir da Beira e de Nampula e isso já existiu em tempos. Vamos reabrir algumas rotas intercontinentais que, nesse caso, a primeira fase vai ser Maputo–Portugal. As fases subsequentes vão ser Maputo–São Paulo, no Brasil; Maputo–Guang Zo, na China; Maputo–Bombaim, na Índia; Maputo–Dubai, na África do Sul.”
Neste momento, a LAM opera com sete aviões, conta com 753 funcionários, sendo que 112 estão afectos a cada aeronave e, com a chegada de novos aviões, estes funcionários serão redimensionados.