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Leste da RDC: o ressurgimento do M23 e a intensificação dos combates

Os combates entre as Forças Armadas da RDC (FARDC), apoiadas pelas milícias Wazalendo (patriotas na língua Suaíle) e o M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda, intensificaram-se, nas últimas semanas, no Leste da República Democrática do Congo (RDC).

Os últimos combates agravaram a crise humanitária, resultando em mais de 100 mil pessoas deslocadas e levantam receios de o conflito assumir dimensão regional. Não é a primeira vez que os dois lados, mais concretamente as FARDC e o M23, se enfrentam, na medida em que desde que aquele último foi criado, pouco depois do fracasso dos Acordos do dia 23 de Março de 2009, variadas vezes ocorreram enfrentamentos armados. Mas desta vez há algumas particularidades que configuram um contexto diferente dos anteriores, aparentemente semelhantes, como o crescimento de evidências que apontam o envolvimento do Ruanda, as iniciativas de paz, com o Roteiro de Luanda e as diligências de Nairobi.

Todos estes instrumentos, em consonância com o legado de conversações que visavam o aquartelamento, desarmamento e reintegração dos membros do M23 nas FARDC, culminaram com a necessidade da “imposição da paz”, porque o M23 não anuiu aos entendimentos que as lideranças regionais chegaram. Algumas fontes apontam o ano de 2004, outras 2006 como o da criação do “Movimento de 23 de Março”, mas sabe-se que foi no último que o chamado Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), o embrião do M23, deu a “cara” no Kivu Norte como o prolongamento das reivindicações sociais, políticas e depois militares das populações congolesas rwandófonas. De acordo com o Wikipedia, sobre o tema “Congrés National pour la Défense du Peuple” que “antes do cessar-fogo de Agosto de 2007, o general Laurent Nkunda tinha rompido com o Governo congolês, enquanto líder dos soldados banyamulengues (congoleses ruandófonos), que pertenciam à então Associação Congolesa para a Democracia e passou a atacar, seguramente em nome do Ruanda, as fileiras das forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), estacionadas na RDC”.

Os anos seguintes, 2008 e 2009, foram de diligências, envolvendo o Governo da RDC, o CNDP e as milícias Mai Mai, que culminaram com a “Conferência de Paz de Goma” e o famoso acordo de paz assinado a 23 de Março de 2009, que nunca foi honrado pelos signatários e do qual se originou o movimento que passou a designar-se em função do dia e mês da assinatura.

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