Dezenas de famílias deslocadas devido a inundações na cidade de Maputo celebraram o Natal em condições precárias. Em alguns casos, chá e verdura foi o melhor que se conseguiu para o dia.
“O País” visitou, no dia de Natal, as dezenas de famílias acolhidas no centro de acomodação de Romão, vulgo Capelinha, que abandonaram as suas casas entre 2020 e 2021 por conta da água das chuvas que invadiram as suas residências. Desde lá, estas tendas têm sido o seu lar e é aqui onde têm celebrado as festas de Natal e fim de ano há quatro anos.
Naquele centro vivem 33 famílias, mas parece não haver ninguém, sobretudo para um dia de festa. É que a maioria das vítimas abandonou as tendas, na busca de melhores condições para celebrar o Natal.
Quem ficou, por falta de opção, sequer encontra motivos para celebrar, tal é o caso de Amélia Langa, uma das vítimas de inundações, que ali vive há mais de 4 anos. “Não estou a passar bem por aqui, afinal não estou na minha casa, mas é o que Deus me deu, a vida. Agradeço”. Questionada sobre os preparativos da festa de Natal, ela respondeu: “Só preparei carne e muitas outras coisas que Deus me deu”.
Sobre as lembranças do natal do passado. Ela reagiu, dizendo que a esta altura estaria reunida com a família, a mãe, sogra, mas só ficaram lembranças. Panelas no fogo e galinhas depenadas, de um lado e doutro, os jovens alimentando a vaidade, procuravam enfeitar o ambiente, mas a nuvem da miséria era mais forte.
Famílias que só conseguiram arranjar verduras para passar refeições, no lugar do “habitual” banquete de carnes, doces e salgados. Na sua tenda vivem sete pessoas. A idosa conta que tem sido assim nos quatro anos que vive naquele lugar.
Ainda que em condições precárias, o Natal deste ano vai ter um sabor diferente. De acordo com a promessa que o município de Maputo fez a estas famílias, este ano será o último em que o Natal e o final de ano será celebrado neste centro de acomodação. É que o local para reassentamento já está pronto.
De um lado o alívio, do outro a preocupação pela incerteza das datas de partida. Não é apenas quem não tem casa que não tem motivos para celebrar. Armando Mulungo tomou chá, no lugar do almoço de Natal. Armando, igual a tantos outros moçambicanos, têm a esperança de que 2026 traga mudanças na sua vida.

