Pelo menos 138 escolas, 45 das quais destruídas, foram afectadas desde o início do terrorismo em Cabo Delgado, revelou hoje o Presidente da República. Filipe Nyusi detalhou que, por conseguinte, 61.789 alunos e 1.132 professores estão ameaçados naquele ponto do país. Em Manica e Sofala, os ataques armados causaram a deslocação de 603 famílias, 131 professores afectados e 12 escolas.
A informação foi tornada pública durante a saudação dos professores ao Chefe de Estado, por ocasião da celebração do Dia do Professor, esta segunda-feira.
Filipe Nyusi começou o seu discurso, após ouvir a mensagem dos “educadores da sociedade”, recordando que este ano a Organização Nacional dos Professores (ONP) celebra a sua data num momento atípico, devido à pandemia da COVID-19 que assola o mundo.
Num outro desenvolvimento, o Presidente da República disse: “ao comemorarmos o dia 12 de Outubro, não podemos deixar de evocar as situações críticas dos professores na zona centro e província de Cabo Delgado, como consequência de actos bárbaros e desumanos perpetrados por homens armados”.
Prosseguindo, Filipe Nyusi falou da província de Manica, tendo afirmando que “está a viver ataques armados perpetrados pela auto-proclamada Junta Militar da Renamo”. Revelou que o facto causou a deslocação de 603 famílias, o equivalente a 3.514 pessoas. Por conseguinte, 131 professores foram afectados e 12 escolas. Destas, 11 são do distrito de Gondola e uma em Macate.
Filipe Nyusi garantiu que o Governo não vai vergar enquanto não conseguir fazer com que aqueles que promovem a violência armada deponham as armas. “Não vamos vacilar”.
Em relação ao terrorismo nos distritos a norte da província de Cabo Delgado, pelo menos 138 estabelecimentos de ensino foram afectados, desde o início dos ataques em Outubro de 2017, revelou o Chefe de Estado, explicando que dessas escolas 45 estão destruídas.
Por causa desta situação, 61.789 alunos e 1.132 professores foram afectados. Entre os distritos mais assolados, constam Mocímboa da Praia, com 32.247 alunos e 452 professores; Quissanga, com 10.047 alunos e 359 professores; Macomia, com 7. 698 alunos e 115 professores, alistou o Chefe de Estado e salientou “esta situação não pode continuar assim”. E apelou à união de esforços para o país ultrapassar o problema.
Dirigindo-se aos terroristas e à Junta Militar da Renamo, Filipe Nyusi declarou: “apelamos à consciência para que ponham fim a esta brutalidade contra inocentes”.
No que à pandemia da COVID-19, Filipe Nyusi disse que situação agravou “os habituais desafios que temos no sistema de ensino e na vida dos alunos e professores”.
Ao longo dos meses de interrupção de aulas, os professores, muitas vezes sem capacitação pedagógica específica, recursos adequados e suficientes, “usaram a criatividade dando aulas online ou produzindo fichas para minimizar as perturbações no ensino dos seus educandos”, afirmou Filipe Nyusi e reconheceu o papel e contributo do professor no desenvolvimento do país. “O professor é um agente de desenvolvimento por excelência. Valorizar o professore é valorizar a sociedade e a nós mesmos”.
Apesar das vicissitudes causadas pela pandemia da COVID-19, neste ano lectivo, “o Governo aprovou três instrumentos importantes para o sector da Educação, nomeadamente o Plano Estratégico da Educação 2020/2029, a Estratégia da Educação Inclusiva e Atendimento a Crianças com Deficiência o respectivo plano de acção”.
Este ano, o Governo contratou 8.010 novos professores, aumentou ainda o subsídio de funeral de cinco mil para 10 mil meticais. Sobre este último aspecto o Executivo espera melhorar o método de alocação deste tipo de subsídios, sobretudo garantir celeridade, conforme avançou o Chefe de Estado, salientando que a morte não avisa quando vai chegar. “No ano passado, 1.015 funcionários do Estado beneficiaram do pagamento de 10 mil meticais de subsídio de funeral. Este ano, 4.046 funcionários” foram abrangidos.
Relativamente aos actos administrativos (promoção, progressão e mudança de carreira), trabalho iniciado em 2019, 60.936 professores foram abrangidos. Este ano, o número vai crescer para 67.194 professores.
Nas zonas rurais, os professores deixaram de percorrer longas distâncias para ter acesso aos seus salários, uma vez que foram instalados bancos em diferentes distritos. O facto permite poupar tempo, dinheiro e evitar o absentismo escolar, de acordo com o Chefe de Estado.
AULAS PRESENCIAIS E PROBLEMAS NAS INFRA-ESTRUTURAS
A decisão de retomar as aulas presenciais, suspensas desde Março passado, devido à COVI-19, “trouxe à tona os problemas de infra-estruturas no ensino e a necessidade de mais investimento na formação de professores em tecnologias de informação de comunicação”.
As contrariedades impostas pela pandemia são uma lição e um motivo para o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano “promover uma formação específica” sobre tecnologias de informação de comunicação.
De acordo com o Presidente da República, “nunca este país fez tanto investimento para melhorar o saneamento nas escolas”, mas a COVID-19 fez com isso fosse possível. Neste contexto, Nyusi exigiu responsabilização dos gestores escolares que não cuidarem devidamente das instalações e sugeriu formação para os professores de modo a usarem os aplicativos disponíveis nos seus telefones, para reportar o que houver nos locais onde estiverem.