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Deslocados encaminhados às zonas onde pretendiam chegar quando fugiram de terroristas

Os últimos deslocados devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, que estava na praia de Paquitequete, cidade de Pemba, há cerca de um mês, foram esta quinta-feira transferidos para os locais de destino. Trata-se de famílias que abandonaram suas zonas de origem e que não tinham meios para continuar a viagem até onde pretendia chegar.

“Embora tenha perdido quase tudo que tinha na vida, devido aos ataques armados, estou feliz por regressar à terra natal, disse Roque Colete”, jovem natural de Memba, província de Nampula. Ela era pescador em Pangane, do distrito de Macomia, desde 2008, onde casou e teve quatro filhos.

Apesar de ter perdido a sua casa, os seus bens e a sua principal fonte de sobrevivência, Silva tem esperança de recomeçar a vida na província de Nampula. “Vou a Nacala e se não conseguir voltar à pesca, poderei ser carpinteiro” ou outra actividade “para sustentar a minha família”.

Outra deslocada que permaneceu por cerca de três semanas em Paquitequete foi Zaria Anli, uma jovem solteira de 30 anos de idade, que fugiu da Ilha Matemo, no distrito do Ibo, com os seus quatro filhos.

“Em Matemo não deixei nada. Fugi a guerra para Pangane, depois para Macaloe e mais tarde voltámos para Matemo”, de onde fugiu para Paquitequete.

“Não deixei nada, tudo foi queimado”, enfatizou a cidadã, acrescentando que ela e os filhos passaram “muito sofrimento” à medida que eram obrigados a “fugir para a mata”, onde passavam “dias sem água nem comida”.

“E só voltávamos para Matemo depois de eles [os terroristas] saírem. Aí aproveitávamos comer o que eles deixavam”, explicou Zaria Anli, que espera abrir machamba como meio para alimentar os seus filhos.

Com a saída deste último grupo de deslocados que viveram cerca de um mês na Praia de Paquitequete, o governo de Cabo Delgado vai desactivou alguns serviços básicos que instalou para efeitos de assistência.

“Já desactivámos os balneários públicos que havíamos instalado e dentro de dois dias faremos o mesmo com posto de saúde, uma vez que o movimento de chegada de deslocados reduziu consideravelmente. No entanto, iremos continuar atentos à situação [chegada de deslocados] porque embora o número tenha reduzido, há famílias que continuam a chegar a Paquitequete”, esclareceu Joaquina Nordine, administradora do distrito de Pemba.

Segundo estatísticas, desde 16 de Outubro último, data em que começou o desembarque massivo de deslocados dos ataques terroristas, a cidade de Pemba recebeu mais de 10 mil pessoas, na sua maioria mulheres e crianças oriundas de Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga e Ilha do Ibo.

Alguns deslocados foram acomodados em casas de familiares, amigos e pessoas de boa vontade. Outro grupo foi transferido para o distrito de Metuge, onde foram abertos centros de acomodação

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