O vídeo que circula nas redes sociais sobre tortura de uma mulher indefesa em Cabo Delgado é arrepiante e a pergunta ficava no ar: serão as Forças de Defesa e Segurança a praticar tamanhas atrocidades? O fardamento, pelo menos, diz que sim, porquanto é idêntico ao das Forças de Defesa e Segurança. Mas Amade Miquidade, ministro do Interior, diz ser propaganda enganosa visando culpabilizar as forças defesa moçambicanas.
O vídeo em causa começou a circular nas redes sociais desde o início da semana e mostra uma mulher pelada a ser torturada por vários homens com fardamento idêntico ao das Forças de Defesa e Segurança. Além da tortura, há vários tiros lançados contra a mulher.
“Este vídeo não é o único que os terroristas divulgam. É mais um vídeo, é mais uma imagem que eles divulgam com a intenção subversiva de inverter o acto praticado dirigido contra as Forças de Defesa e Segurança”, diz o ministro do Interior, que falava após sessão do Conselho de Ministros de hoje. Miquidade diz, ainda, que os terroristas usam fardamento idêntico ao das Forças de Defesa e Segurança para distrair a opinião pública e colocar a sociedade contra os seus defensores (FDS).
“Aquilo é um acto macabro, inaceitável. É desumano. Jamais as Forças de Defesa e Segurança fariam algo parecido”, diz e acrescenta que “os terroristas, nas suas acções macabras, degolando as suas vítimas, esquartejando-as vivas, provocando uma morte violenta, sem piedade, só demostram o seu carácter brutal”.
O facto é que o teatro de operações em Cabo Delgado é de gelar o estomago. E assim o é há três anos. Miquidade explica que o Executivo moçambicano tem estado a pedir apoio da comunidade internacional e sem muitos detalhes diz que “os apoios internacionais estão a ser solicitados sim. Recentemente foi criada a ADIN, Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, com o intuito de clamar à Comunidade Internacional pela ajuda necessária para os deslocados e para a criação de condições de que estes jovens não sejam aliciados”.
Miquidade lembra que do ponto de vista militar, o país não produz armas nem munições, daí que o material bélico usado contra os terroristas vem de apoios da comunidade internacional.
O responsável das Forças de Defesa e Segurança explica que decorre uma investigação de modo a conhecer o local onde os terroristas se preparam para as suas incursões. Porém, a Amnistia Internacional (AI) voltou, ontem, a exigir do Governo moçambicano, uma investigação independente e imparcial sobre as violações de Direitos Humanos na província de Cabo Delgado.
Através de um comunicado de imprensa emitido no início da noite, aquela organização diz que o vídeo mostrando uma mulher nua, a ser executada, é mais uma prova da violação dos direitos fundamentais pelas forças governamentais.
“Este horroroso video é outro grosseiro exemplo da grave violação de Direitos Humanos e assassinatos sem misericórdia que ocorrem em Cabo Delgado, pelas forças de segurança moçambicanas” disse Deprose Muchena, director da Amnistia Internacional para a região Oriental e Austral do continente africano, citado no comunicado enviado à nossa redacção.
De acordo com a nota, que cita análises feitas pelo Laboratório de Evidências e Provas, a vítima que aparece no chocante video posto a circular nas redes sociais foi espancada e dispararam contra ela por 36 vezes.
Governo aprova Orçamento Rectificativo
Além do ministro do interior, após a sessão do Conselho de Ministros falou também à imprensa o porta-voz do Governo, que anunciou a aprovação, por este órgão, do decreto que revê a lei do Orçamento do Estado para 2020. Filimão Suazi não avança números, mas garante que houve uma atenção especial para o sector da saúde, na sequência dos efeitos devastadores da COVID-19, pese embora tenha se feito sentir em todos os sectores.
Ainda hoje, o Governo anunciou a exoneração de Francisco Mazoio do cargo de presidente do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Segurança Social e no seu lugar indicou Bernardo Cumaio.