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Nyusi quer processo da desmilitarização fechado antes das eleições de Outubro

O Presidente da República, Filipe Nyusi, manifestou, esta terça-feira, a vontade de ver o dossier sobre a desmilitarização e reintegração dos homens armados da Renamo encerrado antes das eleições autárquicas de Outubro próximo.

Falando na sede do distrito de Namarrói, província da Zambézia, num encontro com os jovens desta região do país, Nyusi disse esperar que a nova liderança da Renamo também se empenhe, para que o dossier fique fechado o mais rápido possível.

“Fechámos o pacote de descentralização e temos que fazer o mesmo com os assuntos militares, porque estes dois processos andam juntos e não podem ser separados”, disse o Chefe de Estado, em resposta a um repto lançado pela juventude zambeziana, que é ir ao escrutínio de Outubro com este processo encerrado, de modo a “que a votação não seja condicionada pelas armas”.

“O que as pessoas querem não é apenas governar a província, o distrito ou o município, querem que as coisas aconteçam dentro de um clima de paz efectiva e estabilidade e a descentralização não vai valer a pena se não for neste contexto”, explicou Filipe Nyusi.

O estadista disse que o processo até já estaria fechado, não fosse a morte de Afonso Dhlakama, com quem iniciou o diálogo. “Quando me encontrei com ele em Namadjua, na Gorongosa, o compromisso era de que até este mês tudo estivesse fechado. Na verdade, já faltava muito poucos aspectos, mas ele não viveu o tempo suficiente para ver o processo encerrar”, explicou.

Ponto de situação do diálogo político

Depois de ter abordado o assunto num comício popular, no distrito de Mulevala, Filipe Nyusi voltou a falar sobre o ponto de situação do diálogo político, mas desta vez no encontro com a juventude da Zambézia, onde deu alguns detalhes adicionais. “Neste momento, estamos numa fase de familiarização. Há uma nova liderança e em algum momento tivemos que entrar neste processo, para que se inteirassem dos processos. Do meu lado, há toda a vontade e espero que a nova liderança perceba que há urgência no fim deste processo”, explicou.

Filipe Nyusi recordou que o que estava acordado com Dhlakama é que a integração não era para ser apenas no seio das Forças de Defesa e Segurança (FDS), mas acima de tudo na sociedade.

População apresenta preocupações a Nyusi

O aumento da produção, da produtividade e o combate à criminalidade são as principais mensagens que o Chefe de Estado deixou nos dois pontos, contudo, pelo meio ficaram recomendações específicas, de acordo com os problemas de cada local.

No distrito de Mulevala, a principal preocupação de Filipe Nyusi foi o alto índice de casamentos prematuros. “Durante o trajecto para aqui, vi muitas raparigas com crianças, que até pareciam irmãs. Fiquei preocupado ao saber que afinal eram mães e filhos”, disse Filipe Nyusi no comício popular, na sede de Mulevala, onde deixou um vigoroso apelo para que a população se engaje no combate a este problema. “Exorto toda a comunidade para se empenhar no combate a este problema”, desafiou.

Já no distrito de Namarrói, a malária e a criminalidade foram as principais preocupações. Segundo dados oficiais, em 2017, o distrito tinha registado 49 mil casos de malária, mais dois mil comparativamente ao ano anterior.

“A malária está a matar aqui em Namarrói”, lamentou o Chefe de Estado, exortando a população a tomar medidas preventivas com toda a seriedade.

“Não faz sentido olharmos para o distrito e nos depararmos com uma produção alimentar invejável e, por outro lado, termos muita gente a morrer ou a perder tempo de trabalho por causa da malária”.

A criminalidade foi outro aspecto que gerou preocupação do estadista.

Infra-estruturas:

Os dois distritos já visitados apresentam como denominador comum altos índices de produção agrícola, o que, para Filipe Nyusi, é um sinal encorajador, porque vai ao encontro da política nacional da produção alimentar. Enquanto os números da produção crescem, a população continua a apresentar velhas questões.

Infra-estruturas rodoviárias, estabelecimentos bancários, alargamento da rede sanitária e energia eléctrica dominaram as preocupações apresentadas pela população. Em jeito de resposta, Filipe Nyusi deixou promessas de soluções a breve trecho.

A título de exemplo, disse que, até finais do próximo ano, não haverá nenhum distrito sem banco. “Estamos a trabalhar para assegurar que, até finais do próximo ano, todos os distritos tenham um banco. Esse é o plano”, prometeu à população de Namarrói, um dos distritos que clamam por um estabelecimento bancário.

 

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