O Banco de Moçambique alerta que a vida vai ficar mais cara nos próximos 12 meses. Os preços dos combustíveis e dos produtos alimentares é que poderão ditar esse aumento do nível geral dos preços.
Para quem pensa que a vida está muito cara, actualmente, é melhor que se prepare, porque se avizinham momentos mais difíceis, segundo o alerta do Banco de Moçambique. Após mais uma sessão do Comité de Política Monetária (CPMO), o banco central avisou que os próximos dias poderão ser de apertos maiores.
“No curto prazo, antecipa-se a continuação do aumento dos preços, a reflectir o ajustamento dos preços dos produtos administrados e a repassagem dos elevados custos do petróleo e dos alimentos no mercado internacional, para a economia doméstica”, anteviu o governador do banco central, Rogério Zandamela.
E não é para menos. Para o governador do Banco Moçambique, há ainda muitos factores críticos ligados à economia nacional que poderão influenciar esse provável aumento do custo de vida, reduzindo, assim, o poder de compra das famílias e complicando ainda mais as suas vidas.
“O CPMO constatou, igualmente, a prevalência de elevados riscos e incertezas associados às projecções de inflação, com destaque para prováveis ajustamentos dos preços dos bens administrados, sobretudo, dos combustíveis, bem assim, o prolongamento do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia”, explicou.
Entretanto, de Julho de 2023 e Julho do ano 2026, o banco central prevê que haja redução da inflação (nível generalizado de preços), podendo-se registar subidas de preços inferiores a 10 por cento. Daí que o Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de referência para a banca, a MIMO, em 15,25%.
Segundo um comunicado do Banco de Moçambique, a decisão de manter a taxa de política monetária (MIMO) é sustentada pelas perspectivas de desaceleração da inflação para um dígito, no médio prazo (período inferior a um ano), decorrente do abrandamento da procura externa e consequente redução dos preços internacionais das mercadorias, num contexto de manutenção da estabilidade cambial.
“As perspectivas macroeconómicas recentes são consentâneas com a manutenção do actual nível da taxa MIMO, no curto prazo. No entanto, no caso de agravamento de riscos e incertezas associados às projecções de inflação, o Comité de Política Monetária não hesitará em ajustar em alta a taxa MIMO para assegurar, no médio prazo, a inflação a um dígito”, referiu o Rogério Zandamela.
O Banco mantém ainda as suas perspectivas de recuperação económica em 2022 e 2023, não obstante o abrandamento da procura externa. Para o curto e médio prazos, mantêm-se as perspectivas de recuperação económica, sustentadas, principalmente, pela execução dos projectos energéticos em Inhambane e na bacia do Rovuma, e pelo início da exportação do gás liquefeito, num contexto de retoma do programa com o Fundo Monetário Internacional e de ajuda externa de outros parceiros de cooperação.
Na nota, o banco central lembra que, em Junho, a inflação anual acelerou para 10,8%, contra 9,3% em Maio, a reflectir, sobretudo, o aumento dos preços dos bens administrados, com destaque para os combustíveis e transportes. “A inflação subjacente, que exclui os preços dos bens e serviços administrados e das frutas e vegetais, e que é influenciada pela política monetária, acelerou ligeiramente, a traduzir, essencialmente, a repassagem do aumento dos preços administrados para os de outros bens e serviços”.
No comunicado enviado ao “O País Económico”, o banco central revela ainda que a dívida pública interna, ou seja, do Estado moçambicano, continua elevada. “O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 248,2 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 29,4 mil milhões em relação a Dezembro de 2021”, lê-se.
A próxima reunião ordinária do Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique, um órgão decisório, está agendada para o dia 15 de Setembro próximo.