Centenas de pessoas que se dedicam à venda de diversos produtos, incluindo os de primeira necessidade, invadem faixas de rodagem da Estrada Nacional Número Seis (EN6) entre as cidades da Beira e Chimoio, condicionado, desta forma, a circulação de viaturas e, por outro lado, contribuindo para a ocorrência de acidentes.
A acção humana não só põe em risco a vida dos vendedores, como também a dos transeuntes, porquanto a movimentação destes fica limitada às faixas de rodagem, exactamente onde circulam as viaturas.
Os vendedores até estão cientes do perigo que correm com os seus actos e apresentam diversas desculpas. “Nós sabemos que corremos perigo, mas não temos alternativa. Precisamos de ganhar dinheiro, porque as crianças vão à escola”, disse Laura Raúl, vendedeira que foi secundada por Lucas Carlos que diz que “estamos à procura de melhores condições para sobreviver. ”
A REVIMO, em parceria com a Administração Nacional de Estradas, Instituto Nacional de Transportes Terrestres e a Polícia de Trânsito, assim como dirigentes dos distritos localizados ao longo do corredor da Beira estão atentos à invasão na EN6. Com objectivo de aprimorar a segurança rodoviária, estas instituições decidiram iniciar uma campanha de sensibilização para mudar o comportamento dos vendedores e dos utentes que não usam as pontes pedonais para atravessarem a estrada e transformam as mesmas em locais de lazer.
“Todas as coisas a que temos estado a assistir é que vendedores começam a invadir a faixa de rodagem para vender produtos pesqueiros. Isto porque a estrada está iluminada. Então, a partir das 16 horas, eles começam a invadir a estrada. Montam bancas para vender ao longo da estrada, criando obstrução no processamento normal do trânsito”, explicou Agostinho Raiva, director da REVIMO em Sofala.
Refira-se que, há cerca de três meses, um camião se despistou ao longo desta estrada, no distrito de Gondola, província de Manica, e matou 10 pessoas que vendiam na berma da estrada. A sensibilização passará a ser rotineira e cada vez mais aprimorada e com envolvimento das autoridades locais, que estão mais próximas dos utentes da EN6 e dos vendedores.
“A solução é procurar interferir na mudança de mentalidade, quer dos peões quer dos automobilistas. Ao mesmo tempo, encorajar os peões para que usem as pontes pedonais para travessia”, explicou Agostinho Raiva.
Pretende-se igualmente, com as campanhas de sensibilização, que serão feitas igualmente com recurso às línguas locais, mobilizar os utentes da EN6 para usarem as passadeiras para a travessia da estrada.