As universidades estão a perder muitos estudantes devido às limitações impostas pela COVID-19. De acordo com os gestores universitários, as desistências são causadas pelas dificuldades que os estudantes têm de se adaptar aos novos métodos de ensino.
A pandemia da COVID-19 forçou as universidades a adoptarem novas metodologias de ensino e aprendizagem, colocando, assim, em causa, a produção científica, aumentando o nível de desistência por parte dos estudantes, bem como criar prejuízos nos cofres universitários.
“A universidade sofreu uma grande redução de valor das propinas e a instituição funciona com receitas próprias, mas também com orçamento do Estado”, disse Alves Manjate, Assessor de comunicação da Universidade Pedagógica de Maputo (UP-Maputo).
De acordo com dados disponibilizados pela Universidade Pedagógica de Maputo, o nível de desistência, por parte dos estudantes, em 2019, foi de 13,15%. Já em 2020, o número agravou para 17,11%, isto é, 3,97 % a mais em relação a 2019. Para 2021, os dados ainda estão a ser apurados.
“Nós tivemos um decréscimo de estudantes considerável no ano passado, equivalente a 17% a menos em relação aos anos sem pandemia”, acrescentou Manjate.
Já na Universidade São Tomás de Moçambique (USTM), foram vários os motivos que levaram os estudantes a abandonarem a academia.
“De uma forma geral, a Universidade São Tomás, em Maputo, assim como na sua delegação de Xai-Xai, teve um impacto negativo. Alguns estudantes preferiram cancelar as matrículas por não conseguirem adaptar-se às aulas online e outros por perda dos seus empregos”, avançou António Tafula, porta-voz da Universidades São Tomás de Moçambique.
Antes da pandemia, a USTM acolhia cerca de 6.000 estudantes anualmente, mas, actualmente, regista cerca de 7000. Este aumento deveu-se aos novos ingressos, não obstante o facto de a universidade ter registado algum nível de desistência de estudantes.
Levantada a questão sobre a reclamação dos estudantes por falta de produtividade nos dias de aulas presenciais, o porta-voz da USTM respondeu que “os estudantes têm de se concentrar mais e pesquisar e não ficar à espera do docente, ou seja, o estudante tem de começar a planificar as aulas”.
Por sua vez, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) não teve vários prejuízos e não apresenta um elevado nível de desistência.
“As aulas online influenciaram para a desistência de alguns estudantes e, fazendo os cálculos, o número não passa de 1%”, comentou Orlando Quilambo, Reitor da UEM.
O Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), tal como várias outras instituições de ensino, teve baixas e problemas para se adaptar à nova normalidade.
“O ano lectivo de 2020 foi extremamente doloroso para ISUTC. Perdemos, no ano passado, cerca de 250 num universo de 1.700 estudantes”, informou Fernando Leite, Reitor do ISUTC
De acordo com Fernando Leite, as metodologias de aulas não presenciais são apontadas, mais uma vez, como a principal causa, situação agudizada por muitos encarregados terem perdido a sua fonte de renda e, automaticamente, tendo bloqueado vagas dos seus educandos.
No meio de tantas incertezas e dificuldades, a instituição teve glória. O número de novos ingressos aumentou.
A situação, nas universidades do país, é complicada, mas os gestores académicos mantêm-se optimistas em relação a 2021 e perspetivam vitórias até o fim do ano.