A Universidade Pedagógica de Maputo homenageou, hoje, o músico moçambicano Gabriel Chiau. A família recebeu símbolos da universidade e diploma de honra. Entretanto, Chiau não esteve presente na homenagem por motivos de saúde.
Nascido em 1939, na então cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, no bairro de Chamanculo, Gabriel Ruben Chiau, seu nome completo, é considerado, por alguns, decano da música moçambicana.
Outros ainda o consideram herói. Independentemente do estatuto que as diversas correntes do pensamento cultural e social o atribui, facto é que a vida e arte foram de Chiau hoje celebrados e reconhecidos por uma das instituições do ensino superior do país, a universidade Pedagógica.
No acto, o reitor daquela instituição de ensino superior, Jorge Ferrão, disse: “através da sua voz e dos seus sopros, ele encantou e encanta os nossos corações, da vida aos nossos corações deu e dá vida e beleza às nossas mentes e eterniza os ritmos na nossa moçambicanidade. Chiau faz de nós pessoas melhores e mais cidadãos”.
Na ocasião, o vasto reportório musical de Gabriel Chiau abrilhantou a sessão de homenagem, que contou com várias personalidades políticas e das artes.
Através da música, Chiau – desportista, operário, homem de teatro – deu a conhecer ao mundo o sabor da cultura moçambicana. Tocou e dançou em palcos africanos, europeus e em outras paragens internacionais.
Filipe Mondlane que acompanha Chiau desde os anos 50 e foi um dos homens presentes na cerimónia em alusão. Ele partilhou várias memórias com o homenageado. Sobre uma delas, contou que quando trabalhava nos Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM), ele o homenageado mentiam ao chefe dizendo que iam ao funeral de um tio, mas na verdade iam tocar. Até que, certa vez, depois de mentir, foram fotografados e a imagem estampada no jornal. E passaram a não mentir.
O escritor Marcelo Panguane disse na sua intervenção que o homenageado é um herói nacional mesmo sem nenhuma estátua em praça pública e enalteceu o facto de ter havido aquela homenagem ao considerado decano da música moçambicana.
Chiau encontrava-se em trabalhos de estúdios para a gravação do seu disco quando a doença o atacou. E esta ocasião foi aproveitada pelo filho, Moisés Chiau, para lançar apelos para angariar dinheiro para a produção e multiplicação do disco.
A resposta não tardou. Os dois ex-chefes do Estado, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, respectivamente, foram os primeiros a contribuir com dinheiro. Seguiram-se outras personalidades que tiraram das algibeiras valores monetários para que Chiau gravasse seu disco.
O ministro da Cultura e Turismo, Silva Dunduru, também garantiu apoio para a gravação e multiplicação do disco ainda em estúdio.
A homenagem de Chiu aconteceu numa sala repleta de amigos e familiares incluindo políticos. Artistas de várias expressões culturais deram corpo e voz ao momento, no qual o teatro não faltou.