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Um animal amarelo, mais um rodado em Moçambique, filme compete nos Países Baixos

Nos dias 24, 25 e 28 deste mês, o filme Um animal amarelo, realizado pelo brasileiro Felipe Bragança, será apresentado na 49ª edição do Festival Internacional de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos.

A longa-metragem possui 115 minutos de duração e foi rodada em Moçambique, Brasil e Portugal. E a relação que o filme tem com a Pátria Amada não se restringe apenas ao espaço de gravação, há muito que se lhe diga quanto à trama. Essencialmente, Um animal amarelo é uma história sobre Fernando, um falido cineasta brasileiro que cresceu assombrado pelas memórias violentas de seu avô e pelo espírito de um moçambicano que lhe prometia riquezas e glória. Nos finais de 2017, perseguido pelo estado político e cultural de seu país, o personagem cineasta mergulha em uma jornada de desventuras e inesperados milagres, em busca de fantasmas do passado, conforme adianta a própria sinopse do filme.

No constante regresso ao passado, o protagonista brasileiro Fernando vê-se a viajar para Moçambique (e depois para Portugal), conectando-se com as suas raízes africanas que muito têm a ver com a cultura brasileira.

De acordo com a informação divulgada pelo site Filmow, a longa-metragem de Felipe Bragança é uma história ficcional que faz desaparecer as fronteiras nacionalistas, étnicas e coloniais, “porque, como nas melhores viagens, nesta fábula tragicómica, não se trata tanto do destino, mas da jornada imprevisível”.

Além disso, Um Animal Amarelo é descrito como uma história sobre as heranças do colonialismo português no Brasil actual. E o site Filmow cita o realizador: “filmar nesses países não foi como filmar no estrangeiro exactamente, mas filmar ainda mais perto de mim, nesse continente cultural instalado nas minhas vísceras, como que me vendo pela nuca, reinstalado como cineasta brasileiro. E, claro, voltei desse mergulho cheio de dúvidas, com a sensação de que a própria ideia de Brasil como harmonia construída sobre as ruínas coloniais está hoje se desfazendo por completa, e se tornando uma ainda mais nova ruína”.

A longa-metragem de Felipe Bragança teve como produtores Marina Meliande e Luís Urbano, e é uma obra das produtoras Duas Mariolas Filmes e o Som e a Fúria. Entre os actores que integraram o elenco esteve Matamba Joaquim, que antes deste filme já tinha vindo a Moçambique para trabalhar num outro projecto cinematográfico. O actor angolano foi protagonista de Comboio de sal e açúcar, de Licínio Azevedo, tendo contracenado com Melanie de Vales ou Aquirasse Nipita. 

Durante as filmagens em Moçambique, Um animal amarelo, que concorre para o prémio Big Screen Competition, teve apoio do então Instituto Nacional de Áudio Visual e Cinema (INAC), da Universidade Pedagógica e do Governo de Moçambique.  

 

RUY GUERRA PARTICIPA NO FESTIVAL

O cineasta Ruy Guerra nasceu em Lourenço Marques (Maputo), em 1931. Vive no Brasil desde 1958. É realizador, poeta e dramaturgo. A Moçambique, Guerra regressou em 1980, tendo cá filmado Mueda, Memória e Massacre. O cineasta ajudou a criar o então Instituto Nacional de Áudio Visual e Cinema. Já dirigiu mais de uma dezena de filmes, longas e curtas-metragens. No Festival Internacional de Cinema de Roterdão, nos Países Baixos, Ruy Guerra vai participar com Aos pedaços, filme de 93 minutos de duração. A longa-metragem foi produzida pela Kinossaurus Filmes, e, no festival, será exibida de 27 a 30 deste mês.

A 49ª edição do Festival Internacional de Cinema de Roterdão decorre entre 22 de Janeiro e 2 de Fevereiro. O filme de abertura do evento é Mosquito, longa-metragem do cineasta português João Nuno Pinto, rodado nas províncias de Nampula e Maputo, com mais de uma dezena de actores nacionais.

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