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“A coerência é que deve nortear a nossa conduta e o dia-a-dia”

São 60 anos de uma vida de sorrisos e de reboliços. 30 anos de uma carreira e, como resultado, oito livros na prateleira. A Universidade Pedagógica (UP), considerando os feitos de Ungulani Ba Ka Khosa no país e na diáspora, tornou o dia do autor de “Ualalapi” um viveiro de emoções.
A Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) parecia ter-se mudado para a Biblioteca Central da UP. Não só os amigos escritores de infinitas tertúlias se encontravam na sala, outros amigos: familiares e demais personalidades foram testemunhar mais uma homenagem ao escritor.
Foi um evento marcado por discursos entre académicos, literários e, por que não, filosóficos; mas também por momentos culturais, com destaque para a música e humor. 
No final do evento, apenas aos microfones do “O País” Ba Ka Khosa exortou aos seus leitores e aos demais para serem coerentes com eles próprios: “a coerência acima de tudo é que deve nortear a nossa conduta e o nosso dia-a-dia”. Mais nada. Só que antes, enquanto agradecia pela homenagem – esta que iniciou em Niassa, sua segunda das demais terras – prometeu voltar a cutucar “Ngungunhana”, este que preenche as últimas obras de Mia Couto em trilogia. Desta vez, Ba Ka Khosa fala sobre as mulheres do Rei de Gaza. O autor encarna essas mulheres e conta o drama que elas passaram saídos de Lisboa a São Tomé. “Quatro delas regressaram a Moçambique em 1911 e passaram despercebidas no país. Achei por bem prestar um grande tributo às mulheres do imperador que estará provavelmente, em Fevereiro ou Março, à disposição dos leitores”, prometeu.
Como forma de retribuir ao gesto da UP, Ungulani diz que sem dúvida o livro será lançado naquele espaço, garantindo assim que a classe académica seja a primeira a ser atingida com esta trama que foi completamente ignorada pela história moçambicana.
Sobre o livro, o autor não deu mais detalhes, prometendo que em momento oportuno irá se pronunciar. Ao “O País” prometeu exclusividade. Menos mal, e desde já aguardamos.
O evento foi bastante rico, entre risos e aplausos foi decorrendo à festa. Não foi uma cerimónia formal, mas não deixou de respeitar o espaço académico. Foi presenciado pela vice-ministra da Cultura e Turismo, Ana Comoana, e pelo reitor da UP, Jorge Ferrão, (ainda que este não estivesse ali fisicamente). 
Para o grande amigo de Chico, tal como é tratado informalmente, Ungulani tem um valor universal, mas “eu sinto que existe um défice de informação sobre Ungulani nas escolas, até nos estudantes do Ensino Superior, porque também é uma pessoa retraída e por querer esconder-se dele próprio e do resto país, fez com que ele adoptasse um nome que se torna difícil encontrar e o reencontrar”.
Como acontece em todas as festas, a família juntou-se ao centro da sala para cortar o bolo. Ainda que a sua voz as vezes lhes pregue partidas, o seu ar (mostrando ser mais eficiente) apagou as velas do bolo e acendeu os cânticos e aplausos.
Assim foi a passagem do sexagésimo aniversário de Ungulani; o pai, irmão e avô Francisco ou melhor o Chico.
 

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