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Turbulento processo eleitoral no MDM

Foto: O País

Agenda do congresso sofre interrupção para dar lugar à triagem dos congressistas das 11 delegações provinciais por alegada existência de infiltrados nas listas, que visavam favorecer certo candidato. Prevê-se um dia longo, com espectro de violência e um novo dirigente que terá uma dura missão de sarar as feridas que sairão do III congresso que decorre desde ontem na da Beira.

Nazaré, um centro religioso católico que dista 20 km da cidade da Beira, é, desde ontem, palco de convergência dos membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que vão eleger o próximo presidente daquele partido, depois do vazio deixado por Daviz Simango.

O processo de ontem sofreu um revés quando surgiram rumores de existência de “infiltrados”. Houve uma primeira triagem que confirmou a existência de pessoas que não constavam das listas inicialmente enviadas para o secretariado do III congresso e, a partir daí, tudo ficou suspenso e, na manhã deste sábado, houve exaltação dos ânimos por parte de vários grupos que representam diferentes candidaturas e até o actual secretário-geral do partido foi barrado temporariamente de aceder ao recinto que acolhe o congresso, algo imediatamente resolvido.

No entanto, mesmo no recinto do “Nazaré”, não havia paz. Alguns membros se confrontaram física e verbalmente, enquanto os 600 congressistas e convidados se concentravam para uma espécie de um ponto de ordem que acabou por concordar que devia haver uma triagem em todas as delegações provinciais.

O processo em curso até ao momento da publicação desta notícia consiste na confrontação dos inscritos nas listas, apresentação presencial das pessoas e a confirmação do respectivo delegado para se sanar a desconfiança que podia configurar um vício no processo de eleição do presidente do MDM que deverá realizar-se hoje.

Em declarações ao jornal “O País”, a porta-voz do III congresso do MDM, Judite Macuácua, minimizou os incidentes ora verificados. “Deve perceber que é um acto normal. É a primeira vez em que o MDM entra para o congresso numa situação de três candidaturas. Nós, noutros congressos, íamos com um único candidato e, como íamos com um único candidato, a união era para esse candidato. Agora, temos três e cada um tem os seus apoiantes e cada um quer que o seu apoiante passe. Então, acho que é normal. Alguns interpretam como exclusão, mas não é”.

Depois do trabalho de verificação das listas, será apresentado o relatório do secretariado do partido e seguir-se-ão o debate e votação, trabalhos que tinham sido agendados para ontem.

Depois, será eleita a mesa do congresso que deverá dirigir o processo eleitoral. “Não posso prever a hora da eleição [do presidente do partido]”, disse a porta-voz do evento.

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