Mais de três mil alunos arrancam as aulas ao ar livre, e sentadas no chão, na sequência do atraso das obras de reabilitação da Escola Básica 7 de Outubro, em Xai-Xai, Gaza. Pais e encarregados de educação exigem a conclusão das obras. Direção da escola remete as responsabilidades ao Ministério de tutela
Estudar numa sala de aulas, sentada na carteira, é o sonho de Jennifer Manuel, aluna da 7ª classe da Escola Básica 7 de Outubro, em Xai-Xai. Enquanto isso não acontece, a menor e os seus colegas assistem aulas nas chamadas “salas sombra’’. Para evitar o contacto directo com a areia, os alunos trazem consigo capulanas.
Os alunos assistem às aulas sentados no chão durante mais de quatro horas. O resultado, segundo narram, é a perda da concentração devido às dores nas articulações. Além do processo de ensino aprendizagem comprometidos, está também em causa a saúde dos alunos.
Se para os alunos é difícil manter a concentração, para os professores, cuja missão é transmitir os conhecimentos, a exigência é ainda maior. Maria Mucache, professora há 40 anos, refere que as condições actuais da escola limitam a nobre missão de ensinar e formar com qualidade o homem do amanhã.
Maria Mucache é secundada pelo professor Elias Matias que lamenta a falta de condições, bem como de material didático.
Na Escola Básica 7 de Outubro há 36 turmas que ainda estudam ao relento porque as salas de aula estão em reabilitação desde Março do ano passado. O facto é que as obras deveriam ter sido concluídas em Julho do mesmo ano, mas tal não aconteceu, e passou a apontar-se o mês de Dezembro como data limite.
O Director da Escola, David Chivite, reconhece as condições precárias em que estudam os alunos, mas diz estar de mãos atadas para mitigar a situação.
Já as escolas primária Eduardo Mondlane, Secundaria de Xai-Xai, e Coca Missava registaram, esta terça-feira, uma fraca afluência dos alunos, bem como dos professores.
Em Gaza, mais de duzentas turmas continuarão ao relento devido à falta de salas de aula.