Dezanove pessoas com conjuntivite hemorrágica complicada estão internadas no Hospital Central da Beira. A complicação está directamente ligada a tratamentos caseiros, com base em mitos, como é o caso do uso da urina para lavar os olhos, água com espuma de sabão ou ainda líquido extraído da moringa e maçaniqueira.
“O uso destas substâncias cria maior irritação nos olhos que vão roendo a córnea gradualmente, provocando feridas, por perfuração aumentando a inflamação”, explica Abel Polazi, médico oftalmologista do Hospital Central da Beira.
A deficiente higiene individual e colectiva estão a contribuir, por outro lado, para o aumento de casos de conjuntivite na cidade da Beira, o que leva o sector a considerar preocupante estes casos pois, parte dos doentes terão sequelas para o resto da vida.
Face ao aumento dos casos de conjuntivite e de complicações, quais são as medidas que devem ser tomadas por todos?, perguntámos ao Médico.
“Qualquer infecção nos olhos, mesmo que não seja conjuntivite hemorrágica, qualquer doente deve recorrer imediatamente a uma unidade sanitária para serem avaliados”, respondeu Polazi.
Para os que passarem a serem atendidos de forma ambulatorial, devem remover com rigor as secreções nos olhos. “Pode ser num intervalo de uma ou de duas em duas horas, lavar os olhos com água limpa e de preferência gelada para quem puder, pois a água gelada ajuda a combater a inflamação.
Os doentes devem igualmente lavar os olhos e as mãos com água e sabão. Não estamos a dizer para meter a espuma do sabão dentro dos olhos. O doente deve fechar os olhos e lavar a parte externa”. Importa referir que nos últimos sete dias, mais 400 profissionais de saúde contraíram a conjuntivite hemorrágica, totalizando 630 desde 28 de Fevereiro.
Os dados oficiais indicam que, até esta segunda-feira, cerca de 3200 pessoas foram infectadas pela referida doença na cidade da Beira.