“Chapeiros” dizem que a interdição do transporte interdistrital para veículos de 15 lugares em distâncias superiores a 100 Km e a limitação a duas renovações aos veículos já licenciados devem ser repensadas, porque podem limitar a circulação de pessoas e bens, atendendo às distâncias que separam os distritos de uma mesma província, que, em alguns casos, superam 100 Km, além da falta de carros com maior capacidade.
Canário Tivane faz transporte de passageiros num trajecto de mais de 100 quilómetros diários. Saiu às 4 horas da manhã desta terça-feira do distrito de Chókwè, em Gaza, passando por Macia, ainda na mesma província, depois pelos distritos de Manhiça e Marracuene, na Província de Maputo, e, ao fim do destino, entrou na capital do país pelas 8 horas.
Uma viagem que fez com que atravessasse distritos e ligando duas províncias a bordo duma viatura que está na mira das autoridades. Tivane acaba de licenciar a sua viatura de 15 lugares e, de acordo com as novas medidas anunciadas pelo Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), só terá direito a duas renovações. “Assim que não nos querem dar mais licenças e ao decidirem que não há mais licenciamento, haverá confusão.”
Como que ao sair em defesa dos associados, Castigo Nhamane, presidente da Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), diz que a medida precisa de ser repensada.
“Nós temos, dentro de algumas províncias, distâncias de um distrito para um outro que passam 100 quilómetros, como também podemos encontrar distância curta que não chega a 100 quilómetros, mas que une duas províncias. Entretanto, estamos a analisar estas 14 medidas para ver se nós também avançámos com algumas propostas, porque, assim como elas estão, não dá. Concordamos que o MTC está preocupado com o elevado índice de acidentes de viação nas estradas moçambicanas, mas também queremos que se tomem medidas que não lesem uma parte nem outra e que a actividade do transporte não se sinta prejudicada com estas medidas.”
Ainda de acordo com a FEMATRO, mais do que limitar a distância, é preciso organizar o sector de transportes no país.
“Talvez digitalizar o sistema de licenciamento porque os carros de 15 lugares, enquanto o sistema estiver nestas condições, vão continuar a fazer longas distâncias, porque há duplicação de licenciamento. Um carro de 15 lugares, ao sair de Maputo, usa a licença da Província de Maputo até Incoluane, onde arruma a licença da Província de Maputo e passa a usar a da província de Gaza e, quando chega a Zandamela, de novo volta a arrumar e usa a licença da província de Inhambane. Aquele carro acaba por fazer 300 a 400 quilómetros, por isso dizemos que o que se deve fazer, em primeiro lugar, é controlar o licenciamento e não haver espaço para que um carro tenha duas licenças.”
As 14 medidas anunciadas pelo MTC visam prevenir a sinistralidade que afecta o país nos últimos anos.