O ex-capitão da selecção nacional de futebol, Mambas, lançou, hoje, uma obra na qual fala das principais fragilidades que levam o país a viver num ciclo vicioso de frustrações. No livro “Eu tenho um sonho”, o antigo capitão dos Mambas revela que “agora, as coisas não estão bem” e urge mudar a situação.
Foi um dos melhores e mais influentes jogadores da selecção nacional de futebol. Depois de uma carreira briosa, Tico-Tico partilha o seu sonho através de um livro. “Penso que todos nós pretendemos ver os “Mambas” num Mundial, mas sabemos que há muito trabalho a ser feito para lá chegarmos, por isso, nesta obra, partilho algumas estratégias vindas da experiência que adquiri nos diferentes clubes pelos quais passei e também pelos diferentes continentes”, iniciou o antigo capitão da selecção nacional de futebol.
Na sua obra, Tico-Tico fala da selecção principal e considera que ainda está num escalão muito baixo, pelo que a possibilidade de se qualificar para um Mundial é remota e aponta o dedo ao dirigismo e outras questões estruturais.
“Como esta não está bem, às vezes conseguimos algumas qualificações, mas não conseguimos ir mais além. Entendo que há falta de interesse para reverter esse cenário. Assistimos anos após anos às mesmas frustrações”, lamentou.
Questionado sobre uma possível recandidatura à presidência da Federação Moçambicana de Futebol, Manuel Bucuane foi perentório.
“Não tenho obsessão em ser presidente da Federação Moçambicana de Futebol. Independentemente de quem esteja na Federação Moçambicana de Futebol, o mais importante é que o futebol desenvolva e nos traga glórias. E nós sabemos que, agora, as coisas não estão bem”, defendeu.
Estiveram no lançamento da obra de Manuel Luís José Bucuane, desportistas e antigos colegas, como são os casos de Mano-Mano, João Chissano e Tomás Inguane.
João Chissano concordou com os pontos discutidos pelo autor, tendo defendido o investimento no profissionalismo como a única forma de elevar o nível competitivo do futebol moçambicano.
“Temos de nos organizar, estarmos todos juntos, aliás, esta obra acaba mostrando que há potencialidade em Moçambique”, referiu João Chissano.
Por seu turno, Mano-Mano elogiou a iniciativa que considerou de uma atitude revestida de coragem. “Nós, desportistas, futebolistas, esperávamos ver mais. Penso que o Tico-Tico foi corajoso em escrever sobre este assunto e eu fico muito feliz por ele”, reconhece Mano-Mano.
A obra “Eu tenho um sonho” é a primeira aventura de Manuel Bucuane. Lembre-se que Tico-Tico jogou pela selecção nacional entre 1995 e 2010 e é, ainda hoje, o maior artilheiro dos “Mambas”, com 27 golos em 83 jogo.