Foi activado um Comité Operativo de Emergência em quatro distritos que se debatem com o surto de cólera, que chegou à província de Tete.
A capital lidera o mapa de incidência, somando já 236 casos, seguida pelo distrito de Angónia com 108, Chiúta com 87 e Mutarara com 64.
O médico-chefe provincial em Tete, Xarifo Gentifo, fez saber que, antes da confirmação do surto, a província já tinha registado perto de cinco mil episódios de doença diarreica, que podem estar afinal associados à cólera.
“A nossa preocupação é maior ainda nos distritos que fazem fronteira com o Malawi, tendo em conta que o Malawi está a enfrentar um surto sem precedentes. Sabemos que a mobilidade da população é grande e temos fronteiras abertas, que dificultam o controlo”, explicou Gentifo.
O distrito de Maotize, que também está situado na linha fronteiriça com o Malawi, não registou qualquer caso até ao momento.
De visita a Tete, o vice-ministro da Saúde, Ilesh Jani, liderou na segunda-feira a equipa do Comité Operativo de Emergência contra a cólera. À DW, admitiu ser um momento em que a situação deve ser levada mais a sério pelo Governo, assim como pelas comunidades.
“A cólera deve ser trabalhada principalmente no aspecto da prevenção”, disse Jani. E “a prevenção é uma resposta multissetorial, com incidência sobre a provisão de água potável, de saneamento adequado e medidas de higiene individual e colectiva”.
A cólera é uma patologia bacteriana infecciosa intestinal, transmitida por contaminação fecal-oral directa ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. No entanto, para muitos populares, a deficiente distribuição das Águas da Região Centro, antiga FIPAG, é um entrave no combate à doença.
“Com água poderíamos fazer limpeza geral, mas está difícil”, queixou-se uma habitante em Tete.
As entidades governamentais estão preocupadas em garantir que o vírus da cólera não se alastre a mais províncias. Até ao momento, a doença já foi detectada em Gaza, Tete, Sofala, Niassa e Zambézia, somando ao todo um cumulativo de mais de três mil casos.