Os terroristas que há quase sete anos realizam ataques na província de Cabo Delgado roubaram duas ambulâncias durante o mais recente ataque ao distrito de Quissanga, que ocorreu em Março último.
Segundo contam testemunhas, além das duas ambulâncias, o grupo armado roubou igualmente uma outra viatura do Estado.
“As viaturas foram carregadas em embarcações, e não sabemos para onde levaram, mas ouvimos que as as viaturas estão a ser usadas pelos terroristas no distrito de Macomia”, revelou um residente de Quissanga, que foi obrigado a conviver com o grupo armado por 17 dias.
Além de viaturas e outros bens da população e do Estado, o grupo roubou medicamentos e destruiu várias casas e edifícios.
“Eles entraram em Quissanga por volta das oito horas do dia dois de Março e só saíram no dia 17 de Março. Eram cerca de 500 homens e vinham com uniformes de militares, de policiais, e traziam quase todo tipo de armas, mas não chegaram a disparar nem uma vez e não mataram ninguém, apenas roubar bens das pessoas que abandonaram as casas por medo e incendiaram a esquadra da polícia, a residência do administrador e todas tendas onde funcionavam algumas instituições do Estado foram queimadas”, confirmou uma testemunha que também pediu anonimato.
No mesmo dia em que houve assalto a Quissanga, uma parte do grupo armado atravessou para Ilha das Quirimbas, onde além de roubar outros bens da população e do Estado, acabaram assassinando um número indeterminado de membros das Forças de Defesa e Segurança.
“Recebi chamadas de familiares que estão em Quissanga durante a noite a avisar que os terroristas estavam a caminho de Quirimba e, na verdade, de madrugada fomos acordados com tiroteios, e logo que chegaram, perseguiram, cercaram e mataram vários militares sem piedade nenhuma. Dias depois, vieram outros militares para recolher os corpos dos colegas”, contou uma mulher que fugiu com a família para a cidade de Pemba, o único distrito de Cabo Delgado que ainda não foi alvo de ataque terrorista e um dos poucos lugares considerados seguros.
Assim como em Quissanga, em Quirimba o grupo armado roubou quantidades consideráveis de produtos alimentares que encontraram nos estabelecimentos comerciais e deixaram a população com fome..
“Eles não mataram civis, mas recolheram quase toda comida que havia em Quirimba e como não aguentamos com a fome, decidimos sair da ilha para casa de nossos familiares em Pemba, porque eles tinham intenções de atacar a ilha do Ibo”, disse uma deslocada.
O nosso jornal procurou obter mais detalhes em relação ao ataque terrorista a Quissanga e Quirimba, mas até hoje, quase um mês depois, o Governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assalto, que aconteceu quase dois anos depois de o Governo ter prometido não deixar que o grupo armado voltasse a ocupar uma vila.