A província de Nampula registou o primeiro ataque terrorista na última sexta-feira. Até aqui, não há registo de mortos ou feridos, mas os insurgentes incendiaram um centro de saúde, uma escola e destruíram casas.
Desde que se iniciaram as incursões terroristas na província de Cabo Delgado, há cinco anos, é a primeira vez em que se regista um ataque em Nampula atribuído àquele grupo. As vítimas foram os populares do povoado de Kutua, localidade de Odinepa, posto administrativo de Namapa, no distrito de Eráti.
Para quem sai de Cabo Delgado e segue pela Estrada Nacional n°1, Eráti é o primeiro distrito em Nampula, pelo que é o mais próximo da zona com histórico de ataques terroristas que se iniciaram a 5 de Outubro de 2017.
A população de Odinepa disse à nossa reportagem que os insurgentes entraram no seu povoado por volta das 15 horas, posicionaram-se sem criar alaridos e, por volta das 22 horas, começaram a incendiar casas; fizeram o mesmo no posto de saúde local (que ficou totalmente destruído) e atearam fogo, igualmente, num bloco de salas de aula de uma escola construída com base em material local.
“Passaram só cinco minutos e começamos a ouvir o som das armas”, explicou Antumane Samuel, um dos aldeões, e acrescentou que ainda não tiveram notícia de feridos, mortos ou raptados.
A população está em pânico. Ao longo do troço de pouco mais de 60 km de estrada de terra batida que sai da vila de Namapa até ao povoado atacado, encontrámos famílias inteiras com trouxas na cabeça, a fazerem a caminhada de fuga para Namapa. Algumas crianças denotavam cansaço, mas, porque a insegurança é enorme, nem os pais davam espaço para descanso.
Já foram posicionados militares no terreno para garantirem a segurança. E o administrador de Eráti, Manuel Manusso, assegurou que o inimigo está a ser perseguido nas matas.
“Há trabalhos das Forças de Defesa e Segurança que estão a trabalhar no sentido de corrigir esta situação. Não estaria a exagerar se dissesse que há perseguição incessante dos malfeitores que queimaram a aldeia de Kutua”.
Com estes últimos acontecimentos, as três províncias do Norte de Moçambique já registam ataques terroristas, depois de Cabo Delgado e Niassa. O que resta saber é se são grupos que se estão a alastrar devido ao apertar da segurança ou se são pequenos elementos em fuga.