É tempo de carpir as mágoas. É preciso abandonar, e não que isso signifique deixar de criticar o que está errado, o carrossel de declarações acusatórias e manipuladas com objectivos obscuros. Narrativas assentes em deturpação e desestabilização. É “mister“ definir uma agenda clara e comum para se alcançar o sucesso que tanto almejamos.
A definição do caminho para a glória, em qualquer modalidade, depende, em grande medida, do “know how“ dos dirigentes desportivos, os seus propósitos, autenticidade e sentido de pátria.
Os restantes actores, esses, contribuem e trabalham de forma holística com o seu arsenal de conhecimento para complementar o processo de desenvolvimento do desporto. E no espaço selecção nacional, um dos símbolos do país, não pode ser diferente. Todos são importantes para construir uma selecção respeitável e digna. Dentro, pois, de um ambiente saudável.
E isso passa, também, por deixar o seleccionador nacional, Chiquinho Conde, trabalhar dentro das escolhas que o técnico fez, faz e continuará a fazer. Conde é autónomo nas suas escolhas e, se for até para proteger ou mesmo disciplinar o grupo de trabalho, é livre de deixar de fora quem quer que seja. São opções. O técnico aposta nos jogadores que acredita lhe darem segurança e dentro das características dos adversários.
E não são epítetos que fortificam os grupos de trabalho mas sim o carácter, disciplina, respeito e saber estar por parte dos potenciais convocáveis perante quem dirige os processos.
Só faz falta no grupo de trabalho, tal como sublinhou Chiquinho Conde, quem está no mesmo. A chamada de um em detrimento de outro não pode ser motivo para assassinar carácter de pessoas com percurso de respeitadas no futebol nas “putativas” e incendiárias redes sociais.
Não é e nunca será produtivo lançar a máxima confusão possível para combater a verdade e espalhar culpas sobre todos. Passar o incómodo para os outros parece ser confortável.
Não é segredo para ninguém que a relação do treinador dos Mambas com os seus superiores hierárquicos é tudo menos um mar de rosas. Ou seja, o clima não é o que seria de desejar, algo que é comprovado com o desalinhamento que foi colocado a nu pela Comissão Independente de Inquérito mandatada pela Secretaria de Estado do Desporto para apurar as causas que estiveram por detrás do imbróglio que ocorreu na Argélia.
Os mesmos que aplaudiram ou mesmo contribuíram para que Chiquinho Conde assumisse o comando da selecção nacional, hoje, fazem tudo menos alguma coisa para descredibilizá-lo.
O foco devia ser a criação de melhores condições para os Mambas se qualificarem ao CAN-2023. O alinhamento devia ser tao simples quanto blindar o grupo de trabalho, mantê-lo longe das polémicas e atacar com seriedade e concentração máxima os jogos com Ruanda e Benin.
É desejo de todos amantes de futebol, pelo menos os que se alimentam de bom senso, que se quebre a malapata de 13 anos sem disputar o Campeonato Africano das Nações.
Quiçá, em defesa do bom nome e profissionalismo, Chiquinho Conde respondeu a internautas sobre as suas escolhas para o duelo com Ruanda. Há quem torceu o nariz e defendeu que o seleccionador nacional não precisava baixar de nível. Há quem defenda que até foi muito bom para dissipar dúvidas.
Neste cruzamento de expectativas, chama-nos atenção o facto de, na altura da divulgação da convocatória dos Mambas, o chefe de equipa encontrar-se no país. E, desse facto, surge uma questão que não quer calar: porque não se fez uma convocatória presencial em jeito de conferência de imprensa?
A opção por divulgação da convocatória nas plataformas digitais da Federação Moçambicana de Futebol abriu, claramente, espaço para desconfianças. A mensagem final é o maior desafio em comunicação.
Ainda no campo do futebol, e num cenário de bradar aos céus, a péssima arbitragem que assola o Moçambola-2023 está a transformar, e sem exageros, os relvados em autênticos campos de batalha. Muito mau para quem se debate com o desafio de atrair mais patrocinadores para a prova-mor do futebol moçambicano. Quem quer associar à sua imagem a um produto problemático?
Os árbitros substituem os principais artistas, os jogadores, e com as suas actuações pobres acabam em alguns jogos por prejudicar quem trabalha no duro semanalmente.
Um contraste com o nível elevado apresentado, a título de exemplo, por Arsénio Maringule, árbitro assistente que esteve recentemente na final da Taça CAF e tem sido regularmente nomeado para às competições do órgão reitor do futebol africano.
Urge criar árbitros de elite. Urge a moralização da classe dos homens do apito. Enquanto isso não acontece, diga-se, o Rei vai nu…