A propósito das cores da literatura: se temos armas, travemos batalhas que sejam nossas!
Basta olhar para o nosso passado literário (escrito) para perceber que a literatura moçambicana teve sempre uma participação nos problemas do seu tempo e meio. Com esse mesmo gesto, é possível denotar que as influências de outros povos, com os quais o português transmite uma ideia (bem ou mal concebida) de irmandade, esteve sempre assente […]
Carta aos meus irmãos ancorados na afro-escrita
I Não sei se vós quereis ouvir agora, esta voz que à vós a mão estende, em busca da arte de escrita real mas bela e pura. Sem mancha da mimese que na dos outros se prende. Busco a fúria na arte criada outrora, por Noronhas, Noémias, Knopflis, Whites. Ó meu verso por aqui ande! […]
O camaleão de Samsanga
…vi Salatiel Matchazi cantando e dançando “vadhla voxe” de Jeremias Ngoenha e engoli pela goela adentro todo encantamento do mundo que ainda degustava na boca. Aquele saltitar e vigor para marchar pela “causa comum” era duma incredulidade espantosa não pela vontade com que o fazia porque a hipocrisia caia-lhe tão bem quanto a túnica que […]
Entre âncoras e progressismos dos “novos painelistas” do debate sobre a criação literária
…não há, de um lado, o abstrato e, de outro, o concreto. Forma e conteúdo são da mesma natureza, sujeitos à mesma análise.[1] Levi-Strauss Este pensamento de Levi-Strauss continua sendo actual e atuante nos dias de hoje, pelo menos no cenário literário moçambicano cujas ilações chegam-me por via da mera observação e, haja humildade, pelo […]
Poeta ou Poetisa (?) Louise Glück divide falantes de português em dois: neologistas e puristas
Que Louise Glück é Nobel de Literatura 2020, o mundo já sabe. Ora, que este facto fez com que a norte-americana poet(is)a reencarnasse o centro de um debate que andava já esquecido no universo literário da quarta língua mais falada no mundo, tenho imensas dúvidas de que ela própria saiba. Se Sophia de Mello Breyner […]
A (im)precisão dos três mil pregos
Mirando, taciturno, os bramidos de um mar que é de per si um habitat natural de peixes e quejandos, espraia-se na incredulidade, partilhada com os seus, de conceber gases liquefeitos nas profundezas do mar mas a chuva de precariedade que lhe cai pelo teto descoberto alia-se à vozearia do seu servo que em cada fim […]