A série de assassinatos na cidade da Beira está a gerar uma onda de indignação nos diversos sectores da sociedade. De uns meses a esta parte, mulheres têm sido alvo de violações sexuais e depois assassinadas, situação que cria terror e pânico nas comunidades naquela urbe.
Recentemente, a ministra do Interior, Arsénia Massingue, admitiu a ocorrência de falhas por parte da corporação na prevenção da criminalidade na cidade da Beira. Agora, organizações da sociedade civil, em Sofala, levantaram a voz contra os crimes hediondos e apelam às autoridades de justiça para investigarem profundamente as razões que estão por detrás deste fenómeno.
Na reunião havida esta terça-feira, as ONG exigiram de quem de direito acções mais enérgicas para devolver a segurança e tranquilidade públicas naquela urbe.
“Por que as mulheres estão a ser mortas?”, questionou Estrela Mboe, membro do Núcleo das Associações Femininas de Sofala. A activista social foi secundada por Catarina Artur, da Organização Pressão Nacional dos Direitos Humanos.
É, dizem, horrível e aterrador o cenário que se está a viver na Beira com a ocorrência dos casos de homicídios.
Dados actualizados do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) indicam que 21 mulheres foram assassinadas desde o início de 2022, em Sofala, sendo que 16 casos de homicídios foram registados na cidade da Beira, com enfoque nos últimos dois meses.
O SERNIC, na província de Sofala, fala de 10 pessoas detidas em conexão com estes casos.
A solução para os participantes da reunião está na união de esforços e investigações mais apuradas, para além da prevenção. “O que deve ser feito é uma investigação adequada porque, primeiro, só se fala de morte de mulheres trabalhadoras de sexo. Mas, na realidade, não são apenas mulheres trabalhadoras de sexo. As mulheres estão a morrer”, denunciou Naira Cardoso, representante da Associação de Mulheres para Promoção de Desenvolvimento Comunitário.
Os assassinatos, lamentam as comunidades, estão a destruir famílias e sonhos, até porque “as crianças estão a ficar traumatizadas ao verem as suas mães a serem assassinadas, para além de ficarem órfãs”.