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SERNIC confirma envolvimento de arguidos na tentativa de rapto de empresário paquistanês na Beira

Foi retomado, na Beira, esta terça-feira, o julgamento de três indivíduos indiciados de tentativa de rapto, frustrado pelas autoridades policiais, a um empresário de origem asiática, no fim do ano passado.

Nesta segunda sessão, estava reservada a audição do SERNIC e de um dos três agentes que deveriam ter sido ouvidos ontem, na qualidade de declarantes. O agente do SERNIC, o único que estava presente no tribunal – porque os outros dois estão de férias, mas já foram notificados para, dentro de uma semana, prestarem as suas declarações –, confirmou a participação dos três cidadãos que estão a ser julgados e negou as acusações de que as confissões dos mesmos, contidas nos autos durante a produção de provas, foram colhidas com base em tortura.

O agente do SERNIC confirmou que a sua corporação tomou conhecimento em meados de Dezembro do ano passado, através das suas linhas operativas, da existência de uma rede criminosa, que pretendia cometer roubos e raptos, tanto na cidade da Beira assim como na província de Manica.

O declarante afirmou, ainda, que o SERNIC começou a investigar o caso e, através de interceptação de chamadas, apercebeu-se de que o líder da quadrilha se encontrava encarcerado na Cadeia Central da Beira, de onde orientava as operações e transferia dinheiro para os seus comparsas, para identificar estabelecimentos comerciais que movimentavam elevadas somas monetárias por dia e, de seguida, identificar os seus proprietários para, posteriormente, serem raptados.

O líder da quadrilha, continuou o agente do SERNIC, também orientou aos seus elementos – todos detidos – a alugarem uma viatura para transportar a vítima e arrendar uma casa que serviria de cativeiro. “Foi na base de todas estas informações que o grupo foi detido no dia em que iam sequestrar a vítima, um empresário de nacionalidade paquistanesa. Na posse destes, foram encontradas duas armas do tipo pistola”, explicou o agente.

Refira-se que, quando os co-arguidos foram apresentados publicamente, há cerca de quatro meses, confirmaram à imprensa o seu envolvimento no crime e contaram detalhadamente como tentaram raptar o empresário. Entretanto, no primeiro dia do julgamento, os co-arguidos negaram todas as acusações e alegaram que as suas confissões, contidas nos autos, foram colhidas com base em tortura.

O agente do SERNIC negou que, durante o acto de investigação, a confissão destes arguidos tenha sido através de tortura e acrescentou que dois dos arguidos já foram detidos, há cerca de um ano, indiciados na prática do mesmo crime e negou, também, que os tenha cobrado valores monetários para os deixar em liberdade.

Ainda nesta segunda sessão de julgamento, foi ouvido o proprietário da residência que serviria de cativeiro. Este reconheceu dois dos co-arguidos e afirmou que foram eles que lhe tinham alugado a casa por apenas 30 dias, tendo pago para tal 10 mil Meticais.

A próxima sessão terá lugar dentro de uma semana, e serão ouvidos mais dois agentes do SERNIC, também na qualidade de declarantes.

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