Depois da derrota na passada sexta-feira, em Douala, por 3-1, para a terceira jornada, os Mambas voltam a cruzar caminhos dos leões, que na verdade são indomáveis, na esperança de que, desta vez, seja de vez. Até porque jogamos em “casa”, ainda que emprestada, e sem apoio de nenhum público. Os maus resultados dos Mambas nesta fase de qualificação ao Campeonato do Mundo do Qatar, em 2022, colocam a selecção nacional na cauda do grupo D, com apenas um ponto, em três jogos disputados
Naquele que foi o terceiro jogo em menos de um ano entre as duas selecções, depois de duas derrotas dos Mambas, em Novembro do ano passado, para a qualificação ao CAN-2021, impunha-se outra atitude nos moçambicanos, pese embora os acontecimentos antecedentes ao jogo.
É que foram muitos jogadores que nas vésperas do jogo desfalcaram o combinado nacional, principalmente dos mais sonantes e que mereciam a titularidade, casos de Zainadine, Mexer, Kamo Kamo e outros, que não mais se juntaram aos Mambas.
Depois do 4-1 na partida de Douala, em Novembro do ano passado e, tal como se disse, os antecedentes, era espectável uma derrota, restando saber os números dessa derrota. Uma vitória dos Mambas era uma miragem, mas nada impossível.
Horácio Gonçalves não caiu nas expectativas dos moçambicanos e, tal como fizeram os seus antecedentes, deixou David Malembane no banco de suplentes, quando esperava-se que fosse esta a oportunidade de estreia do jogador. Bonera também foi para o banco onde perfilavam ainda jogadores do Moçambola.
O seleccionador optou por uma dupla de centrais de Betão e Martinho, com Cigano e Reinildo, estes que foi o capitão dos Mambas pela primeira vez, a comporem uma defensiva à frente de Ernan. Kambala e Geny Catamo mereceram a confiança, a acompanhar Shaquile e Nené na zona intermediária, atrás da dupla do ataque, Luís Miquissone e Dayo.
Uma linha que em nenhum momento deu tranquilidade e nem garantias de vencer, perante os “latagões” camaroneses. Basta referenciar que os golos todos, sofridos, de bola parada e em jogo aéreo, encontraram a defensiva moçambicana apática e a deixarem os adversários, nomeadamente Eric Chopo-Mouting e Ekambi soltos de marcação em zonas perigosas, para cabecearem vitoriosamente.
Martinho, Betão e Cigano foram enganados várias vezes, Nené quase andou à deriva e Luís Miquissone, usado em posições erradas, esteve apagado na partida. Ernan também facilitou e acabou por oferecer o segundo golo. Estas foram as unidades que não estavam a acompanhar o remar de alguns jogadores, casos de Kambala, Reinildo, Shaquile, Dayo e Geny Catamo, de longe a melhor unidade dos Mambas.
GOLOS MAIS CONSENTIDOS DO QUE CONSEGUIDOS
Se já era espectável que seria difícil parar o ataque camaronês, também estava nas previsões que o seleccionador usaria o forte porte físico e altura do David Malembane para fazer dupla com Betão, tendo em conta as ausências de Mexer e Zainadine, mas Horácio Gonçalves assim não entendeu e os resultados foram os vistos: Chopo-Mouting, por duas vezes, e Ekambi, nem precisaram saltar tanto, para marcar. Os defesas estavam mesmo apáticos.
Dayo teve duas oportunidades de marcar. No primeiro, de fora da área, ainda entendeu-se que teve medo de flectir para dentro da área e rematou para fora, depois de passe de Geny Catamo, mas no segundo lance, já na segunda parte, não conseguiu tirar as medidas certas para dar um chapéu ao guarda-redes contrário e entregou deliberadamente a bola.
Foi a joia moçambicana do Sporting de Portugal, que nos dois jogos anteriores até esteve no banco, que criou as melhores oportunidades e, numa delas, foi bafejado pela sorte, com o tiro a ir ao travessão, ao relvado e às malhas. Uma obra-prima que merecia outro valor. Foi o segundo golo de Geny Catamo pelos Mambas.
A derrota dos Mambas em Douala não surpreendeu, tendo sido apenas por menos golos que a anterior derrota, que foi de 4-1. A combinação desse resultado, com o resultado da vitória da Costa do Marfim, em Soweto, África do Sul, casa emprestada do Malawi, por 3-0, coloca os costa-marfinenses a liderarem com sete pontos, mas um que os Leões Indomáveis, que seguem na segunda posição. Malawi é terceiro com três pontos, enquanto os Mambas são lanternas vermelhas com apenas um ponto.