O mercado de seguros registou um crescimento assinalável nos últimos anos. Em 2023, o sector movimentou mais 21,4 mil milhões de Meticais. Entretanto, o Governo desafia as seguradoras a criarem produtos para população de baixa renda. Os dados foram avançados na II Conferência Anual de Seguros.
Sob lema “seguros em tempos de mudanças”, a Conferência Anual de Seguros juntou, esta quarta-feira, empresas do sector para reflectir sobre o acesso aos serviços de seguro no contexto da inclusão financeira.
O sector, tido como de grande potencial, registou um crescimento assinalável, sendo que o mercado conta, actualmente, com 19 seguradoras, três microsseguradoras, oito entidades gestoras de fundos de pensões, 158 correctoras e 31 agentes. Em termos de produção, o sector produziu, em 2023, 21,4 mil milhões de Meticais, o que representa um crescimento de cerca de 2% em relação a 2022.
De acordo com os dados avançados pelo vice-ministro da Economia e Finanças, que falava na abertura do evento, 17% da população moçambicana passou a ter acesso a serviços financeiros e o sector de seguro joga um papel importante no crescimento gradual da população com acesso aos serviços.
Amílcar Tivane desafiou as empresas a desenvolverem serviços para população de baixa renda e uso e adopção de tecnologia para alcançar novos mercados.
“Há necessidade de criar produtos e serviços destinados a populações de baixa renda. O desafio que o sector de seguro enfrenta é, se calhar, optimizar o advento das tecnologias de informação e comunicação para melhorar o acesso aos segmentos populacionais que estão em regiões mais recônditas, mais que contribuem grandemente para o produto interno bruto do país”, disse.
Tivane levantou a necessidade de as seguradoras servirem as pequenas e médias empresas visando a promoção dos espaços do microsseguro no país.
O vice-ministro diz ser preciso melhorar a legislação para fazer face aos novos riscos, sobretudo ligados às mudanças climáticas, um desafio também assumido pelas seguradoras que reconhecem a necessidade de se adaptar às mudanças.
Aliás, o presidente do Conselho Directivo da Associação Moçambicana de Seguros, Ruben Chivale, citou as alterações climáticas, os conflitos internacionais, o novo posicionamento geopolítico, a transição energética, a inteligência artificial, a internet das coisas, eleições em mais de 40 países com a eleições, a transição de governação que se avizinha, a profunda alteração do regime jurídico, as sanções públicas ao operadores de seguros indiciam novos tempos e uma nova ordem no mercado de seguros.
“É neste contexto de mudanças profundas que afirmamos que estamos seguros, porque o sector está resiliente”, avançou.
Entre vários desafios, Ruben Chivale antevê melhorias e deixa promessas para um futuro próximo.
“Estamos, neste momento, a trabalhar na base de dados que vai ajudar na monitoria de riscos. E estamos a trabalhar no qualificador de carreiras profissionais e a tabela salarial de referência. Este qualificador de carreira estará pronto já em Setembro. Vamos fazer, também, um estudo de mercado de seguros que vai, pela primeira vez, avaliar o contexto macroeconómico e os indicadores com impacto para actividade seguradora em Moçambique. Será apresentado em Outubro”, explicou.
Outro assunto tem a ver com a não cobrança do imposto sobre valor acrescentado pelas seguradoras. Chivale alerta que o Estado está a perder uma fonte de receitas.
Segundo Chivale, esta condicionante também tem impacto na rentabilidade das seguradoras.
“No que tange ao tratamento do resseguro com entidades não residentes, e o reconhecimento do resseguro como activo representativo das provisões técnicas que, de certa forma, condicionam a competitividade das seguradoras em relação às outras seguradoras e minam a possibilidade de aceitação de riscos de larga dimensão, como os riscos da indústria extractiva”, avançou Chivale.
O evento acolheu o lançamento do Código de Conduta do Instituto de Governação Corporativa de Moçambique, manual que sistematiza práticas de gestão nas organizações.
Segundo, Daniel Gabriel, PCA do Instituto de Gestão Corporativa, os pilares básicos da gestão corporativa explanados neste código, baseiam-se na transparência na disponibilização de informação aos Stakeholders, equidade no tratamento de todos os sócios e prestação de contas.