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Saída da USAID faz país redefinir políticas públicas para incubar economia

A agência de notação Fitch reconhece que a suspensão dos apoios da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) a Moçambique contribuiu para o agravamento da escassez de divisas no país, dado que os desembolsos daquela agência representavam cerca de 3% do Produto Interno Bruto.

A USAID investia, em média, entre 250 e 300 milhões de dólares por ano em Moçambique, e a sua saída não só deixou mais de 2500 pessoas sem emprego, como também agravou a situação económica no país, uma vez que a sua presença tinham um peso de até 3 por cento do Produto interno Bruto, de acordo com a agência internacional de Rating Fitch.

Em sua recente publicação, a agência, que em Fevereiro passado classificou Moçambique como de nível muito alto de risco de inadimplência em relação a outros emissores ou obrigações dentro do mesmo país, avança que a saída da USAID terá agravado a crise de divisas no país.

“A escassez de moeda estrangeira aumentou em 2025, em parte devido à queda dos desembolsos externos ao Governo e à suspensão da USAID”, escreve a Fitch, afirmando que aquela agência norte-americana desembolsou em apoios 586 milhões de dólares em 2024.

O economista Clésio Foia não está surpreso com a anotação e diz que o país precisa de redefinir as políticas públicas para incubar a economia que está em défice.

“Estamos a dizer que o mercado cambial fica com um défice de 586 milhões de dólares, que vai pressionar tanto a interacção das forças de mercado entre a procura e a oferta de divisas, fazendo com que haja pressões como consequências da ausência deste financiamento da USAID”, afirma Foia.

Para o economista, a ausência de divisas vai criar pressão no mercado cambial moçambicano. “Primeiro, estamos a falar de pressões inflacionárias, porque se nós temos a ausência de divisas significa que vai haver uma pressão para o mercado câmbio, o câmbio vai reagir de forma progressista para a moeda estrangeira”, explica Clésio Foia.

O peso da dívida externa é um outro mal que assola a economia nacional, e, de acordo com Foia, é preciso que o país comece a preocupar-se com a imagem que deixa para os investidores internacionais.

“Primeiro, está a dar um sinal de que é preciso que haja alguma melhoria naquilo que tem a ver com a gestão, tanto da coisa pública, a transparência governativa, mas também está a dar um desafio para aquilo que são os objectivos do Estado moçambicano para poder começar a pensar no endividamento público orientado para o investimento público.”

O aumento da conversão obrigatória das receitas de exportação para moeda local, de 30% para 50%, deverá ajudar a aliviar a pressão sobre a escassez de divisas. Além disso, a agência aponta para a expectativa de um novo programa com o Fundo Monetário Internacional, que deverá aliviar a pressão.

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