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Roberto Chichorro: 60 anos de carreira e um legado esquecido

É abril, Roberto Chichorro celebra 60 anos de carreira e aos olhos de Naguib, este renomado artista plástico que levou Moçambique além fronteiras, não é devidamente valorizado no seu próprio país.

Contrariamente ao pensamento que paira entre os artistas de que “arte não tem explicação”, passam-se 60 anos desde que através do seu píncel, Chichoro descobriu que aliar cor à beleza e à suavidade explica na plenitude as suas emoções.

Para comemorar, de Portugal, Chichoro decidiu enviar a sua terra natal, uma coletânea de quadros que resumem seu percurso artistico e a beleza do país, uma vez que as suas principais mensagens reflectem o carisma da mulher moçambicana.

O gesto foi elogiado por muitos, incluindo apreciadores d’arte, críticos, artistas e colegas. Aliás, nestes últimos em que cabe o artista Naguib, seu amigo pessoal, primeiro, o enalteceu e o comparou aos por si considerados embondeiros, os também renomados artistas plásticos: Malangatana Valente Nguenha e  Bertina Lopes, uma italiana que nasceu em Moçambique.

Na mesma energia, o também artista Jorge Dias não poupou elogios e referiu as qualidades que diferenciam as obras do Chichoro dos demais “Chichoro não tem interesse nenhum em pintar costelas à mostra de uma criança ou esta criança com um prato de comida vazio, ele tem interesse em pintar uma criança que transmite alguma alegria, então ele é um pintor que se destaca ao fazer exactamente o oposto do que os outros fazem”, disse.

Fora os elogios, Naguib também lamentou e críticou a pouca valorização de Chichoro, ao que questionou, “por quê Chichoro manda uma dúzia de quadros para sua terra mãe e a Autoridade Tributária pega estes mesmos quadros e triplica o seu valor de vendas?, estes quadros são património nacional, nem deviam sair daqui”, questionou.

Em adição, Naguib denunciou aplicacação de taxas “injustas” pela Autorirade Tributária, “taxam-lhe imposto disto e imposto daquilo, de forma que é inviável vender estes quadros, ninguém vai comprar estas obras, até ao momento apenas uma foi comprada. A AT amputou-lhe as pernas com esses impostos”, criticou.

Exposição: Sonhos alados em azul com pássaros

A Fundação Fernando Leite Couto na cidade de Maputo, local que recebeu as 12 obras para a exposição alusiva aos 60 anos de carreira de Roberto Chichoro, através da curadora Maria Elisa, teceu agradecimentos e ao mesmo tempo, por se comemorar o mês da mulher apelou continuidade do legado de Chichoro.

O vice-ministro da Cultura e Turismo, Fredson Bacar, concordou que é inquestionável o contributo de Chichorro na cultura e na sociedade Moçambicana, também, reiterou o apelo a garantia da continuidade da “marca e identidade cultural” que Chichoro transmite.

Com 83 anos de idade, Chichorro continua sua jornada em Portugal, de onde  enviou as obras que estão em exposição até 3 de Maio próximo.

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