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Restos mortais de Atanásio Marcos serão sepultados na Beira

Os restos mortais do Jornalista Atanásio Marcos, que morreu na noite desta sexta-feira, serão sepultados terça-feira na cidade da Beira, sua terra natal, em cumprimento do seu último desejo. A família diz que, nos últimos dias, o malogrado apresentava melhorias.

Atanásio Marcos, nascido a 6 de Agosto de 1980, na cidade da Beira, em Sofala,  iniciou a sua carreira na comunicação social como locutor e Repórter na Rádio Cidade, emissora da Beira, mas o seu sucesso começou quando em 2004, viajou para Maputo para trabalhar no Grupo Soico.

Não demorou muito para que a qualidade jornalística de Marcos se evidenciasse e se tornasse um dos rostos mais destacados da STV, facto que, inclusive, lhe rendeu um prémio. 

Entre Prémios e sucesso, Atanásio Marcos foi trilhando o seu caminho, e no seu percurso trabalhou na televisão de Moçambique, onde exerceu as funções de apresentador, Delegado provincial em Sofala, Director administrativo e Director Comercial.

Nos últimos meses, Atanásio Marcos lutava pela vida, uma luta que infelizmente chegou ao fim, a morte venceu e Atanásio Marcos deu seu último suspiro na noite de sexta-feira, 20 de Junho, a menos de dois meses de completar 45 anos de idade.

Partiu o Jornalista, apresentador,  filho, pai e esposo, quando os seus ainda tinham esperança de partilhar consigo mais momentos de alegria.

“Todos nós sabíamos que ele não estava bem, mas depois daquele esforço todo que foi feito no hospital, até chegar o dia em que os médicos decidiram que ele tivesse alta, e depois o resto seria gerido a nível doméstico, tínhamos esperança que terminasse bem. O que acontece é que tudo colheu-nos de muita surpresa”, contou Estevão Ngavanga, primo do malogrado, que descreveu Atanásio Marcos como alguém que gostava de conversar com todos, por isso “isto criou-nos muita dor”.

A dor fica mais forte quando se recordam do que ele foi em vida uma pessoa que ria com todos. “Eu acho que até os miúdos na rua, quando eles estivessem a passar, cumprimentavam a ele, porque era muito difícil vê-lo zangado. Era uma pessoa alegre, uma pessoa que ria com todos. Ele era uma pessoa que, em qualquer ambiente, sabia se estar. Gostava de brincar, gostava de dançar”, recordou Estevão Ngavanga.

Apesar da dor, a família reuniu-se e decidiu sepultá-lo na terra natal, cidade da Beira. “Este é o desejo do falecido. Então, como muitas decisões são aquelas que dependem das outras instituições, só temos o espaço no avião, em princípio, na terça-feira de manhã. Portanto, o avião chega na Beira às nove e vinte. E o que nós queríamos é, depois de chegar o corpo às nove horas na Beira, ser levado para o lugar onde haverá o velório ao nível da Beira. Então, depois disso é que podemos ir ao cemitério”, disse Estevão Ngavanga abordando a pretensão da família em relação às cerimônias fúnebres de Atanásio Marcos.

Antes da sua partida a Sofala, familiares e Amigos terão a oportunidade de despedi-lo, na sé-catedral da cidade de Maputo, na tarde de segunda-feira.

Colegas e amigos destacam personalidade de Atanásio Marcos

O PCA da TVM, Élio Jonasse, descreve Atanásio Marcos como um profissional exímio, que vai deixar um profundo vazio na emissora. Élio Jonasse lamenta a morte daquele que considera um profissional abnegado.

“Eu via nele um repórter que escrevia bem, lia com elegância e era um apresentador magistral. Portanto, era uma pessoa com características particulares. Nunca senti que qualquer que fosse o tema abordado em directo ou em reportagens fosse difícil para ele. Eu olhava para ele como um talento. E eu dizia, bom, em pouco tempo este homem está a autolapidar-se e vai se tornar um grande jornalista e também apresentador, sobretudo”, contou Élio Jonasse.

Para o PCA da TVM, Atanásio sempre se mostrou um grande profissional. “Quando ele chegou à TVM, em 2012, eu estava a sair para outra instituição. E já o via, na STV, como uma peça fundamental para a casa naquele momento e para o futuro da televisão em Moçambique, o que veio a confirmar-se”, frisou Jonasse.

Por seu turno, Francisco Mandlate, que foi recebido por Atanásio Marcos quando entrou na STV, descreve o malogrado como um dos precursores do espectáculo televisivo.

“Eu penso que ele está nesta história do jornalismo televisivo em Moçambique. É um dos melhores pivôs que o país já teve, não há sombra de dúvida. Ele é um pivô imbatível na participação de noticiários e eu acho que ele deixou a sua marca”, começou por dizer Francisco Mandlate, lamentando a morte prematura do seu colega que considera ter sido “muito cedo”, com muito ainda para dar aos novos jornalistas.

“Mas eu penso que quem quer seguir esta carreira, sem dúvida que tem Atanásio Marcos como uma referência, alguém pelo qual tem que ver a forma como ele apresentava os noticiários, como abria os telejornais, como fazia os pivôs, a leitura dos pivôs, das peças. É algo para se inspirar, é algo para ver, é algo para aprender”, confirma Mandlate. 

E como dizia o Jornalista, de acordo com Francisco Mandlate, “vão-se os dedos, mas ficam os anéis. E de facto ficaram os anéis de Atanasio Marcos para a televisão moçambicana”.

Daniel Chapo homenageia Atanásio Marcos

O Presidente da República, Daniel Chapo, endereçou uma mensagem de condolências pela morte de Atanásio Marcos, jornalista da Televisão de Moçambique (TVM), que iniciou a carreira de televisão na STV, vítima de doença.

“Queria aproveitar esta ocasião que estamos aqui com os nossos amigos da comunicação social, para endereçar as nossas e mais sentidas condolências a família do jornalista Atanásio Marcos, que infelizmente perdeu a vida, as nossas mais sentidas condolências a Televisão de Moçambique (TVM), perdemos um grande jornalista e apresentador de televisão, um grande patriota”, disse.

Por outro lado, o Presidente da República, Daniel Chapo, endereçou igualmente a mensagem de condolências a toda a comunicação social em Moçambique, desde jornalistas, apresentadores e todos que  fazem parte da comunicação social.

“É um jornalista jovem, singrou na vida, um patriota que apresentava o telejornal com paixão e sobretudo porque é de uma geração jovem”, disse.

Chapo, fez saber que na comunicação social existem várias gerações, citando o exemplo das gerações dos falecidos jornalistas, casos de Simeão Ponguane e Emílio Manhique, da Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique, respectivamente.

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