Nampula é o círculo eleitoral mais importante do país e, ao lado da Zambézia, é onde se decide a eleição presidencial e a influência na Assembleia da República. Nampula tem inscritos 3.266.523 eleitores e viu o número de mandatos para a Assembleia da República a subir de 45 para 48. Mesmo com estes argumentos, a Renamo – maior partido da oposição – arrancou a campanha em falso, sem a cabeça-de-lista para o cargo de governador provincial e sem um membro sênior do partido.
Nenhum dos candidatos presidenciais escolheu Nampula para a cerimónia central do arranque da campanha eleitoral. Todavia, a Frelimo mandou o seu antigo secretário-geral, Filipe Chimoio Paúde, para o evento e Eduardo Abdula (cabeça-de-lista para o cargo de governador) deu a cara num shomício organizado no sábado, na cidade de Nampula.
“O meu chefe quando me passou o microfone disse: aqui está o microfone, sua excelência. Quero que todos digam ao meu chefe que quando for governador serei tio de todos, por isso vão me tratar por ‘tio Salimo’ porque se for excelência não estarei próximo do povo”, disse Eduardo Abdula, como ponto prévio, depois de apresentar a sua esposa, Nazira Abdula, a macua pediatra da Ilha de Moçambique que pretende voltar à terra depois de ter saído de Nampula para servir a nação como ministra da Saúde.
Dando a cara pelo partido Frelimo para convencer o eleitorado, Eduardo Abdula prometeu promover o desenvolvimento a partir do turismo porque acredita que o efeito multiplicador daquele sector pode desenvolver muitos sectores. “Um turista não come carne? Perguntou e foi respondido positivamente em coro pela população que se fez ao local e completou que “vai desenvolver a pecuária”. “Um turista não anda de carro”, questionou e acto contínuo a população o correspondeu em coro e ele completou a ideia: vai desenvolver o sector de transporte para sair daqui para Angoche.
O Movimento Democrático de Moçambique foi à igreja Católica levar o padre Fernão Magalhães Raúl para concorrer ao cargo de governador de Nampula. Marcou o arranque da campanha eleitoral com uma marcha bem concorrida que saiu do centro da cidade até ao bairro de Muahivire para um comício e contou com a presença da secretária-geral do partido, Leonor Lopes.
“Quase todos os distritos não têm asfalto. As estradas estão esburacadas. Esta é uma das linhas fortes que trazemos. Queremos melhorar esta situação. Sem falar do problema da Educação que é crónico – professores descontentes, problema da água nas escolas e das [salas] debaixo da mangueira”, disse o padre que também esclareceu que devido às incompatibilidades dentro da Igreja, teve de afastar-se para assumir esta missão política porque entende que é um acto de cidadania servir aos necessitados.
O maior partido da oposição – a Renamo – denotou algum problema interno que não quis exteriorizar. À hora marcada não se fez à rua. Na delegação provincial, na cidade de Nampula, vivia-se um ambiente de desalento, com meia centena de membros e simpatizantes sem norte, sem voz de comando e sem material de propaganda, como bandeiras, camisetas e cartazes. Por falar em cartazes, apenas a Frelimo e o Movimento Democrático de Moçambique têm cartazes bem presentes na praça pública na cidade de Nampula.
Em pequenos grupos, a Renamo percorreu os bairros da periferia da cidade de Nampula no primeiro dia da campanha eleitoral para um contacto interpessoal. A imagem mais saliente foi a ausência da cabeça-de-lista para o cargo de governador, Abida Aba.
“Mas como não é só a cabeça-de-lista que pode pedir votos, estamos aqui a fazer este movimento de ‘caça ao voto’, porta-a-porta, que é a estratégia que encontramos para o primeiro dia de campanha eleitoral. Como está a ver, não temos problemas, a população compreende que neste país há uma única alternativa: é o partido Renamo e Ossufo Momade”, disse Carlos Jossias, director de campanha da cabeça-de-lista da Renamo em Nampula.
Tal como dissemos no topo desta Reportagem, Nampula e Zambézia são terrenos decisores das eleições. Quem ganha nestes dois territórios, tem fortes chances de ganhar as eleições gerais e ter maioria no Parlamento. Ora vejamos, Zambézia 2.863.308 eleitores inscritos e 42 mandatos para a Assembleia da República, o que significa que as duas províncias elegem 90 deputados dos 250 que compõem o Parlamento moçambicano.