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Região Sul do país não está preparada para enfrentar ciclones, alerta especialista

Moçambique não está preparado para enfrentar a ocorrência de ciclones no Sul do país. O alerta foi lançado, hoje, em Maputo, por Luís Artur, especialista em gestão de riscos de desastres, durante uma reunião nacional sobre preparação e resiliência a ciclones tropicais, na África Austral, organizada pela Universidade Eduardo Mondlane e o Instituto Nacional de Meteorologia. 

Maputo é desde o dia 2 deste mês, o palco de uma reunião internacional sobre resiliência a ciclones na África Austral. O evento, que conta com a participação de 35 especialistas na matéria, provenientes de Moçambique, África do Sul, Madagáscar, Malawi e Inglaterra, deverá ajudar a reorientar as estratégias do Governo moçambicano, face a ciclones e cheias. 

Para Luís Artur, engenheiro e especialista em gestão de riscos de desastres, a região Sul de Moçambique não está preparada para enfrentar eventos climáticos severos. 

“Nós, agora, como país, estamos preparados para responder a ciclones que ocorram na região Centro e na região Norte. Mas, que tal, se no futuro, começarmos a ter ciclones na região Sul do país. Que tal, as frentes frias, como aquela que tivemos na Matola e em Boane, em Fevereiro, que trouxeram bastante chuva, começarem a ocorrer com muita frequência”, questiona o especialista. 

De acordo com Luís Artur, o sistema de aviso prévio contra ciclones e a forma como as políticas públicas moçambicanas são desenhadas para eventos climáticos severos devem melhorar. 

Durante a reunião, um dos temas em destaque é o futuro dos ciclones na região Austral. Para já, fica a certeza de que os países vizinhos querem garantir maior coordenação e aprender com a experiência moçambicana na redução de danos. 

“Há maior interesse e uma compreensão cada vez maior, de que os eventos meteorológicos não respeitam as fronteiras criadas pelos homens. Vimos a prova disso com o ciclone Freddy, que primeiro passou por Madagáscar, atingiu Moçambique, causando muitos danos, a seguir passou por Malawi, onde houve um  número elevado de mortos, em relação a Moçambique e Madagáscar”, destacou Bernardino Nhantumbo, meteorologista e investigador na área do clima. 

Bernardino acrescenta que os países vizinhos de Moçambique estão cada vez mais preocupados com os ciclones, que atingem o país, porque atravessam também os seus territórios. O fim, igualmente, é de aprenderem de Moçambique, face à sua experiência. 

Segundo o INAM, a previsão de ciclones está em curso e a informação sobre a sua ocorrência, na presente época, será divulgada no fim deste mês. A reunião internacional, que decorre desde esta segunda-feira, termina esta sexta-feira, se insere numa pesquisa sobre ciclones tropicais, que, com frequência, têm estado a afectar, nos últimos anos, Moçambique, Madagáscar e Malawi.

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