Justa homenagem, escolha acertada do Município de Maputo, ao distinguir e medalhar – juntamente com Pedro Pimentel e Caetano Ruben – o “mister” Martinho de Almeida, homem das 101 actividades, amigão de todos. É agricultor e suinicultor, foi mecânico de automóveis, deputado, treinador de futebol… etecétra.
Com real propriedade e devido às suas múltiplas actividades, sempre na mó de cima, um amigo comentou, referindo-se à sua popularidade:
– Quem não conhece o Martinho de Almeida, não é moçambicano!
A seu lado, e para vincar o carácter divertido do inventor do MARSIA, um outro acrescentou:
– E quem não o conhece profundamente, não morre feliz!
ESTÓRIAS “MARTINIANAS”…DE ENCANTAR
Por detrás do seu estilo brincalhão, sempre com uma pitada de humor na ponta da língua, esconde-se um homem sério, disciplinador, estudioso e rigoroso. Por si, no futebol, falam os títulos e jogadores (bem) formados ao longo de duas décadas. Porém, fora do palco da competição, é um regalo partilhar com o ‘mister’, estórias que o tempo não pode apagar. Este é o local e o momento para recordarmos algumas delas.
John Mortimor era o técnico do Benfica de Lisboa e o nosso Martinho, que para lá foi estagiar, de imediato lhe caiu nas graças. Assim sendo, pela manhã, passava pelo balneário dos jogadores, ao encontro do treinador inglês.
Ao passar pelas estrelas encarnadas, Martinho saudava-os, alto e bom som:
– Bom dia, meus senhores!
À excepção do Shéu, que retribuía o cumprimento, todos os outros o ignoravam. Isso repetiu-se três dias, até que o nosso compatriota beirense, disse:
– Mister, não vale a pena cumprimentar. Estes tipos têm a mania que são craques.
Martinho retorquiu:
– Eu quando cumprimento, não estou à espera de retribuição. É só para demonstrar que sou educado.
Todos engoliram em seco. No dia seguinte, o ´mister´ ao passar, disse: ´Bom dia, meus senhores´
– Os craques, em uníssono: ´Bom diaaaaa, mister´!
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Nos veteranos, a jogar pelos Eucaliptos, o Martinho após um choque com o Dzimba da equipa do Tira Babalaza, caíu em pleno campo, reagindo:
– Ó Dzimba, afinal nós viemos aqui para nos divertirmos ou para nos aleijarmos?
– Mas eu nem te toquei, Martinho – diz o Dzimba.
– Então caí sozinho no meio do campo? Quer dizer que estou grosso?
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Numa certa ocasião, o ´mister´ revelou um desejo aos amigos:
– Vou estudar.
Depois, ao seu estilo, foi esclarecendo:
– Mas só quero Português e Matemática. E mais: os meus professores, terão uma grande vantagem sobre os outros docentes. Sabem porquê? É que eu é vou dizer-lhes o que me terão de ensinar, simplesmente porque… eu sei, tudo aquilo que não sei.!!!
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No tempo das grandes carências, o chamado período do carapau, Martinho veio de um estágio em Lisboa, reuniu vários amigos em sua casa, para um jantar. E foi dizendo:
– Tenho leitão assado, cerveja, mas só um garrafão de vinho. Só um, perceberam? Por onde começamos?
– Pelo vinho – disseram os presentes, cheios de saudade!
Martinho foi para a sala ao lado, depois regressou e perguntou:
– Vocês querem tinto, ou preferem branco?
Todos se riram, mas o “mister”esclareceu:
– É que só há um garrafão para nós, o outro não é meu. Mas como fui eu que o trouxe, vocês ainda podem escolher!!!