O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM) julgou improcedente a providência cautelar imposta por Nelson Costa, um dos candidatos à presidência da Federação Moçambicana de Patinagem por alegadas irregularidades no processo eleitoral. Desta forma, Eneas Comiche Jr, candidato da lista “A” considerado vencedor, poderá ser empossado nos próximos dias.
Ponto final (?) ao diferendo que opunha a lista de Eneas Comiche Jr (declarado vencedor das eleições na Federação Moçambicana de Patinagem (FMP) com oito votos a favor) a de Nelson Costa (candidato da lista “B” que perdeu a corrida eleitoral com cinco votos).
É que, um ano e cinco meses depois das eleições que culminaram com um pedido de impugnação dos resultados por parte de Nelson Costa, alegadamente por irregularidades no processo, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM) julgou improcedente a providência cautelar apresentada pela lista “B”.
No seu parecer, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo refere que o escrutínio, realizado a 28 de Novembro de 2020, decorreu dentro do preceituado nos estatutods da Federação Moçambicana de Patinagem que abrem espaço para os membros fundadores votarem. No seu despacho, a que o O País teve acesso, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo sustenta: “Para materialização do acto, no dia 20 de Novembro de 2020, foi publicado o Regulamento Eleitoral da Federação Moçambicana de Patinagem, que fixou os princípios que regulam o processo eleitoral como o respeitando a Lei do Desporto, pelo que vai ser declarada válida a deliberação que elege novos órgãos sociais da FMP”, refere o parecer.
Neste sentido, tendo em conta o que foi exposto, o Tribunal Judicial da Cidade de Maputo julgou improcedente o pedido de anulação das eleições na Federação Moçambicana de Patinagem. “Em nome da República de Moçambique e da lei, julgo improcedente, por não provado o pedido do autor Nelson Costa, absolvendo a ré Federação Moçambicana de Patinagem do pedido”.
Com o despacho, Eneas Comiche Jr pode agora tomar posse como presidente da Federação Moçambicana de Patinagem, num ano atípico em que se realizam o Campeonato Africano da modalidade, em Outubro, e a 3ª edição dos Jogos Mundiais de Patinagem a realizarem-se em Novembro, em San Juan, na Argentina. Cabe agora a mesa da Assembleia-geral da Federação Moçambicana de Patinagem, presidida por Lucas Chachine, agendar o acto de tomada de posse de Eneas Comiche Jr.
OS ARGUMENTOS DE NELSON COSTA
Nelson Costa apresentou, em Novembro, um pedido de anulação das eleições por alegadas irregularidades. Nelson Costa defendia, por exemplo, que os membros fundadores da Federação Moçambicana de Patinagem não deviam ter direitio a voto.
Os membros fundadores da Federação querem decidir tudo. Mas como acontece noutros países, quem vota para uma federação são as associações, mas aqui não, são pessoas. Isso é estranho, não podemos dar poder a pessoas para decidirem por todo um país. Haviam associações que mostraram vontade de se filiarem à federação, eles deliberadamente, não aceitaram, simplesmente ignoraram as províncias. Isso mostra que os membros fundadores que são de Maputo, não querem a inclusão das outras províncias. Tínhamos a associação de Cabo Delgado, de Inhambane, associação de treinadores, de árbitros, de atletas e a associação feminina de patinagem, mas foram ignoradas”, argumentou, na altura, numa entrevista ao O País.
O antigo jogador da selecção nacional e Desportivo Maputo criticou igualmente a postura da mesa da Assembleia-geral. “Partimos para esta eleição e sabíamos que havia um regulamento eleitoral. Mas os intervenientes pontapearam-no. Houve várias irregularidades naquele processo, facto que me deixou muito envergonhado com a maneira como os membros fundadores, os membros da mesa da assembleia-geral e o presidente cessante agiram face às ilegalidades”, contestou.
MANJATE DEIXA FMP COM TRUNFO DO HISTÓRICO 4º LUGAR NO MUNDIAL DA ARGENTINA
Com o despacho proferido pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, Nicolau Manjate, figura que vinha exercendo o papel de presidente interino, vai definitivamente deixar o cargo de presidente da Federação Moçambicana de Patinagem (FMP). Manjate, que esteve a frente da agremiação durante 11 anos, diz sair com sentiment de missão cumprida. “Primeiro, acredito que teremos mais oportunidades de fazer o balanço dos 11 anos em que estivemos à frente dos destinos da federação. Foi um trabalho cujos resultados nos orgulham”, observou. Mas por que os resultados orgulham? O que foi feito de tão importante durante o seu mandato? Indagamos! Ao que Manjate respondeu: “Os resultados que fomos capazes de alcançar em campo e nos destinos desta actividade. As nossas participações foram coroadas de êxitos. Conseguimos bons resultados no continente e em mundiais”, gabou-se Nicolau Manjate, dirigente que teve como ponto alto o 4º lugar alcançado por Moçambique no Mundial de hóquei em patins de 2011, em San Juan, na Argentina. Esta foi a melhor classificação de sempre do nosso país. “A nossa equipa sempre guiou-se por um espiríto de trabalho conjunto e por um objective que era dignificar a patria. É só olhar para aquilo que fizemos. Deixamos um legado positivo”. E agora, o que se segue tendo em conta a sua rica experiência como dirigente da FMP? “Posso dizer que, como família do hóquei em patins, continuaremos à dar o nosso apoio sempre com objectivo de elevar cada vez mais a modalidade”, prometeu. Duarante o seu mandato, Moçambique conquistou, em 2019, em Barcelona, Espanha, a Taça Intercontinental da modalidade. No mesmo ano, a selecção nacional de hóquei em patins sub-19 ficou em 3º lugar numa prova igualmente disputada na Espanha.
Em 2006, como vice-presidente da área de marketing, foi uma das figuras que desenhou a conquista, pela selecção nacional, do Mundial do grupo B realizado em Montevidéu, no Uruguai. Outrossim, Moçambique foi vice-campeão africano da modalidade em 2019, em Angola.