A cidade de Chókwè, em Gaza, está há três dias totalmente paralisada. Várias instituições públicas e privadas foram vandalizadas e saqueadas. O comércio geral, o transporte público de passageiros e o ensino geral não escaparam à fúria popular. Um protesto contra o custo de vida que visou, até a sede do partido Frelimo.
São três dias de intensos protestos no município de Chókwè em Gaza. Populares invadiram, destruíram, esta terça-feira, as instalações da Águas da Região Sul (ADRs) ,área operacional de Chókwè.
Na ADRs os populares arremessaram pedras e destruíram vidros e grades frontais, até o sistema de ar-condicionado não escapou. A segurança da instituição descreve uma hora de muita agitação.
“Quando chegaram, aqui, partiram o muro, e, queimaram a guarita, depois invadiram o interior das instalações, onde partiram tudo. Destruíram quase tudo e estragaram e roubaram computadores e processos diversos”, relatou António Maulano, responsável de segurança
O grupo, composto na sua maioria por jovens, exige redução até 100 meticais mensais pelo consumo de água.
“Aqui paralisamos tudo porque o preço de água está muito elevado, e pedimos que se baixe, e queremos resposta urgente”, alertou Tiago Simão, munícipe de Chókwè.
A sede distrital do partido Frelimo, ficou completamente destruída, vidros e documentos diversos queimados, uma testemunha esclareceu que “entraram por volta das 15 horas de terça-feira, atearam fogo no interior das instalações. O grupo que fez tudo isto era numeroso”.
Enquanto isso, outro grupo invadia as instalações dos serviços distritais de educação e juventude. Nos prejuízos, contabilizam-se 16 computadores vandalizados e diversos documentos institucionais reduzidos à cinza.
Ainda no distrito de Chókwè, mais de 10 escolas dos níveis secundário e primário foram forçados a suspender as aulas, afectando mais cinco mil alunos. O ensino só poderá retomar quando a situação de segurança estiver resolvida.
Armando Mahumane, residente do segundo bairro, disse que manifestantes vandalizaram a Escola Secundária de Chókwè devido “às cobranças feitas no âmbito das matrículas de primeira à nona classes”, uma situação que, segundo o encarregado de educação, vai atrasar o progresso de Ensino-Aprendizagem.
E não para por aí. Os indivíduos que contestam o custo de vida paralisaram por completo o funcionamento das instituições públicas, bem como o da zona comercial de Chókwè, forçando o encerramento de mais 100 empreendimentos comerciais.
Testemunhas dizem que a fúria dos populares iniciou após a vandalização de duas viaturas, numa tentativa de incendiar a residência de um suposto apoiante de Venâncio Mondlane, por desconhecidos.
Barricadas, troncos e queima de pneus na Estrada Nacional 205 e na zona da linha férrea, condicionaram o transporte de pessoas e bens nas rotas interdistritais
“Desde que amanheceu ainda não tive um passageiro sequer, todas estradas estão bloqueadas aqui em Chókwè, pedimos a quem de direito que nos ajude” clamou , Rafael Tivane, transportador da rota Chókwè-Guija.
Esta é a terceira semana consecutiva que a província de Gaza é assolada por protestos em quase toda a sua extensão.