A tensão pós-eleitoral poderá comprometer o desempenho económico do país, no fecho deste ano. O Banco de Moçambique diz que a economia pode cair e prevê subida de preços.
Em geral, o crescimento económico deste ano já não estava a ser grande coisa, quando comparado com o do ano passado, e, agora, com a tensão pós-eleitoral, a situação pode piorar.
Segundo o Banco Central, num relatório publicado, na sexta-feira, sobre conjuntura económica e perspectivas de inflação, se, em termos cumulativos, nos primeiros nove meses do ano passado, a economia cresceu 5,6%, de Janeiro a Setembro de 2024, o crescimento foi de apenas 3,8%.
E para o futuro breve, o Banco Central não tem boas notícias para a atividade económica do país.
Segundo o Banco, “no curto prazo, excluindo a produção de GNL (Gás Natural Liquefeito), prevê-se uma desaceleração da actividade económica, a traduzir o funcionamento condicionado da economia, decorrente dos efeitos da tensão pós-eleitoral”.
Isto quer dizer que o sector que vai manter o crescimento é o do gás, que, em geral, não assegura uma maior redistribuição do poder de compra, até porque o país exporta matéria-prima, o que não dá espaço para criação do efeito multiplicador.
Normalmente, os economistas consideram que o crescimento económico, quando alto, pode compensar a inflação, se ele for impulsionado por sectores que permitem uma distribuição do poder de compra. Mas, neste caso, o crescimento económico vai desacelerar e, como se não bastasse, os preços terão de subir.
E a situação já não tinha sido muito boa em Outubro, porque a inflação anual acelerou para 2,68 %, a reflectir, sobretudo, o aumento dos preços dos bens alimentares.
Para o curto prazo, as perspectivas apontam para uma aceleração da inflação anual, a traduzir, essencialmente, as restrições no fornecimento de bens e serviços decorrente dos efeitos da tensão pós-eleitoral
Recorde-se que, apesar destas perspectivas de aceleração da inflação, o Banco de Moçambique reduziu, recentemente, a taxa de juro de referência, de 13,50% para 12,75%. Numa sequência de seis vezes consecutivas, rumo ao anunciado um dígito em 36 meses, contados desde o início do ano.